quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Replacements - Os substitutos chegam no Ano Novo

O dia 31 de dezembro, assim como o Natal, é uma data especial com uma carga emocional muito forte, pois costumamos nos reunir com familiares e amigos para comemorar a “virada’ para o ano novo. Por isso, este dia certamente não está entre os mais indicados para se iniciar uma missão de paz. Início que por si só já é complicado. Pois foi justamente nesta data, em 2007, que chegaram a Porto Príncipe os 03 Oficiais brasileiros que passariam o ano de 2008 no Haiti. Recordo que acordei cedo naquele dia, pois deveria buscá-los no aeroporto e conduzi-los para a LOGBASE onde um UNPOL da unidade de Induction Training estaria esperando. Esta não era uma obrigação minha, mas sim uma vontade. O procedimento era uma praxe na MINUSTAH, não sei se o mesmo acontece nas demais missões. Sempre que novos contingentes policiais chegavam, os seus compatriotas ficavam responsáveis em fazer as “honras da casa” aos novatos já no aeroporto, inclusive com dispensa por parte dos chefes de seção e utilização de viaturas de suas respectivas unidades. Este procedimento era adotado com forma de facilitar a chegada dos replacements.
Cheguei antes do horário de chegada do vôo proveniente de Miami e fiquei esperando no lado de fora do aeroporto, tendo em vista que não nos permitiam permanecer na área de desembarque. Diferente dos aeroportos brasileiros, o Aeroporto Toussaint Louverture não possui área interna de acesso ao público, só entra quem for passageiro. O vôo não atrasou, no entanto, após a chegada do avião esperei por cerca de 01 hora até que o Major Agrício – PMDF – aparecesse no portão de saída do desembarque. Ele me explicou que a demora no interior do aeroporto ocorrera porque uma das malas do Tenente Cidral – PMSC – não havia sido embarcada em Miami e ele estava fazendo a reclamação no balcão da companhia America Airlines (a mala chegou no dia seguinte ou dois dias após, não recordo ao certo). Logo em seguida apareceu o Tenente Cidral acompanhado do Capitão Frederes, meu conterrâneo aqui do Rio Grande do Sul. Após os cumprimentos e apresentações, os conduzi até a LOGBASE (foto acima - Cap Frederes, Maj Agrício e Ten Cidral - a partir da esquerda) e os deixei com um UNPOL Nepalês responsável em dar início aos trâmites burocráticos de check-in na missão.
Naquela noite, como forma de marcar a data, os convidei para jantarmos em um restaurante próximo de casa a fim de comemorar o ano novo e conversarmos um pouco mais a respeito da missão. O Major Agrício preferiu permanecer em casa e estabelecer o primeiro contato com os familiares no Brasil. Como já escrevi em outro post, antes da meia noite, em virtude do “toque de recolher” que a ONU impunha ao seu staff, já estávamos em casa e pudemos ouvir os fogos de artifício da população local quando o relógio indicou o novo ano que chegava. Aquele foi o primeiro dia de um convivência de 6 meses que tive com aquele grupo de Oficiais, os quais passaram a ser a minha família no Haiti (foto abaixo em frente ao Palácio do Governo - Cap Frederes, Cap Marco e Maj Agrício).


Grande abraço ao contingente 2008!

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Capitão Hoffmann escreve a cerca do Preparo Psicológico para integrar uma UN Mission


O Capitão Hoffmann (Asp 95) está a 07 meses na Missão de Paz no Timor Leste. O longo período longe de casa e a experiência adquirida com o trabalho diário na missão fizeram com que o Oficial nos enviasse o texto abaixo que fala sobre o preparo psicológico que o UNPOL deve ter ao ser designado para compor uma missão de paz das Nações Unidas:
"Preparo psicológico para missão da ONU

A partir da designação do Oficial como UN Police, este deve estar ciente de alguns fatores intervenientes e trabalhá-los internamente, com o objetivo de não passar por maiores dificuldades do que aqueles que o próprio trabalho já traz: Estar fora de casa, longe de parentes, amigos e hábitos; convivendo com pessoas de outros costumes; sabendo ainda que as missões tem características de ausência de posto, ou seja, internamente todos tem o mesmo nível, de soldado a Coronel, e as demais denominações equivalentes, o que diferencia é a função que se desempenha. Há possibilidade, em tese, de um soldado ser chefe de Tenente Coronel, por exemplo, pois os postos são galgados por méritos e por tempo na unidade. Para nós, Militares Estaduais, que estamos acostumados à hierarquia e disciplina rígida, a situação é mais complicada, porém quando se está adaptado e se busca uma flexibilidade em seus conceitos internos, já não trás desconforto.
Tive conhecimento, há pouco, de um policial que, por lamentável despreparo, não conseguia um bom relacionamento com seus companheiros, o que trouxe prejuízos para si, para seus pares e para o nome de seu país, o que se constitui em algo grave.
Todos os integrantes de missão são representantes de todo um país, individualmente. As atitudes tomadas tem um eco muito maior do que quando se trabalha em seus afazeres habituais, portanto a discrição é importante em todos os ambientes.
É cabível esse tema, pois aqueles que se dispuserem a fazer parte de uma missão devem ter em mente que é por um determinado tempo apenas e que as lições aprendidas são valiosas, rendendo frutos para a vida profissional e pessoal, o que compensa a situação diferenciada. Os futuros “missioneiros” tem que começar a se moldar à nova situação já no Brasil, evitando assim dissabores. Por sorte a Brigada dá o preparo necessário desde a Academia quando somos expostos a uma gama variada de situações que temos de solucionar - e conseguimos - de uma maneira ou de outra. Por vezes não entendíamos o que acontecia mas os resultados positivos estão à mostra. Mais um motivo de satisfação em pertencer as fileiras da Gloriosa. “Viva a Brigada”

Curso para UN POLICE na Suécia

O Comando de Operações Terrestres - COTER - do Exército Brasileiro, através da IGPM, encaminhou documento a todos os Estados informando da disponibilidade de vagas para o “United Nations Police Officers Course (UNPOC II)”, a ser realizado entre os dias 22 de fevereiro e 05 de março de 2010, promovido pelo Centro Internacional das Forças Armadas Suecas em parceria com a Polícia Nacional da Suécia.
Leia a matéria na íntegra no blog Policiais Brasileiros em Missão de Paz do Tenente Carrera.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

O Natal em um Orfanato de Porto Príncipe


No dia 25 de dezembro de 2007, durante o horário do almoço, eu tive a oportunidade de participar de uma atividade especial. Uma iniciativa de um grupo de UNPOLs que trabalhavam na Academia da Polícia Nacional do Haiti, liderados por um policial espanhol da Guardia Civil, Antonio Moreno, “adotou” um orfanato localizado no bairro Tabarre em Porto Príncipe e, entre outras coisas, proporcionou um Natal mais feliz as crianças que ali estavam. Este tipo de ação era comum entre os UNPOLs de várias nacionalidades, pois existem muitos orfanatos em Porto Príncipe. Tratava-se de uma atividade extra e que dependia da compreensão dos chefes de unidade para a obtenção de liberação para saídas em horário de expediente.
Durante os dias que antecederam o Natal nós buscamos contribuições espontâneas de vários UNPOLs. Normalmente ficávamos na saída do restaurante da ONU existente na LOGBASE e explicávamos os objetivos do projeto a quem saísse do local. Conseguimos arrecadar aproximadamente 300 dólares que foram transformados em brinquedos e colchões para as crianças do orfanato.
O grupo era composto por policiais da Espanha, França, Filipinas, Chile e Romênia. Foi muito legal ver a alegria das crianças, distribuímos os presentes, brincamos, assistimos a apresentação de uma canção e, ao final, fomos brindados com um almoço típico haitiano preparado pelos funcionários do orfanato.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Natal Longe de Casa

Um dos períodos mais complicados durante uma missão de paz é a semana que compreende o Natal e o Ano Novo. Normalmente o staff policial "esvazia" nesta época do ano, com as unidades funcionando com seu efetivo mínimo. A maioria dos UNPOLs planeja seu período de folga para estas datas comemorativas. Como em qualquer quartel, e na ONU não poderia ser diferente, o serviço não pode sofrer queda de continuidade, alguém tem que "tocar o barco". O fato de que a maioria dos policiais oriundos de países asiáticos, de alguns países africanos e de países do oriente médio não comemoram o Natal, contribui para que os dia 24 e 25 de dezembro sejam dias normais de trabalho aos UNPOLs.
Quando estava no Haiti permaneci as festas de final de ano (Dezembro de 2007) em Porto Principe. Optei em trabalhar nesta época, pois planejava uma viagem com minha esposa à República Dominicana em Fevereiro de 2008. Não foram dias fáceis, pois uma semana antes do Natal os outros 03 policiais brasileiros partiram por término de missão, permanecendo eu como o único policial brasileiro na MINUSTAH. Os substitutos chegaram apenas no dia 31 de dezembro. Mas esta é outra história, e contarei nos próximos posts.
Eu morava em um condomínio composto por 16 apartamentos, todos ocupados por staff da ONU (policiais, militares brasileiros e civis). Éramos em torno de 30 pessoas. Na semana entre o Natal e o Ano Novo fiquei apenas eu e um espanhol da Guardia Civil que morava no apartamento em frente ao meu. Ficamos literalmente de "caseiros" do condomínio. Na noite do dia 24 de dezembro reunimos todos os remanescentes dos outros condomínios, não mais que 15 pessoas e fizemos um ceia de natal. Nada de especial, apenas fizemos uma janta para marcar a data e jogar um pouco de conversa fora. Antes da meia-noite todos já estavam em suas respectivas casas, pois com o toque de "recolher" não podíamos rodar com as viaturas da ONU após à meia-noite sem que estivéssemos em serviço e plenamente justificados. Para completar, no dia 24 trabalhei todo meu turno na rua, sem acesso à internet, chegando em casa também não havia comunicação, restou o telefonema do meu celular para casa a fim de felicitar a família.
Por isso compartilho o sentimento de todos os colegas que estão hoje em terras além mar representando o Brasil nas Nações Unidas.
FELIZ NATAL A TODOS!

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Capitão Algenor destaca seus companheiros de contingente na MINUSTAH

O Capitão Algenor - PMAM - Comandante do Contingente policial Brasileiro na MINUSTAH (foto durante Operação Anaconda) nos enviou um texto onde destaca seus colegas do contingente, Cap Bassalo - PMPA - e Ten Heberton - PMDF, tendo em vista o final de missão que se aproxima:

"Senhores gostaria em primeiro lugar agradecer a todos pelo apoio e companhia durante este ano aqui em nossa missão no Haiti, gostaria de destacar a forma companheira e amiga que todos os senhores dispensaram a nós que aqui estamos, tal qual os senhores estiveram ou ainda estão, longe de seus familiares;
O ano está acabando e com isso finda a nossa missão aqui no Haiti, quero aproveitar para afirmar perante todos as minhas conclusões a respeito dos dois Oficiais aos quais tive o prazer de servir junto e aos quais tenho a honra de poder chamar meus amigos; Oficiais dedicados, competentes, leais, companheiros, disciplinados, corajosos e com um grande espírito de liderança, qualidades desejaveis por qualquer um de nós, pessoas da mais alta capacidade profissional que sempre serviram de exemplo a todos que se encontram a serviço da grande família das Nações Unidas; Foi um imenso prazer estar com vocês meus amigos, espero imensamente ter o prazer de poder desfrutar da companhia de vocês, quem sabe em outras oportunidades ou em outras batalhas, sei que nossos caminhos ainda vão se cruzar novamente, espero que em uma situação mais tranquila!
Desta forma gostaria de desejar a todos vocês que fazem parte do unpolbrasil, um excelente NATAL cheio de alegria, felicidades e muito amor, junto a seus familiares, amigos e entes queridos, que neste ano que vai iniciar, vocês todos possam multiplicar seus momentos de alegria, felicidade e prosperidade de tal forma que possam contagiar todas as pessoas ao seu redor!

SAÚDE, HARMONIA, MUITO AMOR, PAZ, SABEDORIA, PROSPERIDADE E VITORIAS MIL são desejos meus e de minha familia a todos vocês, não estaremos juntos fisicamente neste natal, mas estamos unidos mais do que nunca em nossos corações!

Grande abraço a todos, são os votos de

CAP Algenor PMAM MINUSTAH/Haiti

"VITORIA SOBRE A MORTE!!! FORÇA BRASIL!!!"

domingo, 20 de dezembro de 2009

A visita do Comando do BOPE-RJ à UNPOL-MINUSTAH


O contingente do BRABATT – Brazilian Battalion - do 1º semestre de 2008 era composto por militares, em sua grande maioria, do Rio de Janeiro. Estes militares passaram por um treinamento prévio à missão de incursões em favelas realizado pelo BOPE-RJ. Em virtude desta parceria, o Ministério da Defesa convidou uma comitiva do Rio de Janeiro, composta por integrantes da Secretaria de Segurança Pública, Polícia Civil e Policiais Militares do BOPE, entre os quais estava o Comandante da época, o T Cel Pinheiro Neto, Major Chagas e Major Soares, para uma visita oficial à MINUSTAH, a qual ocorreu entre os dias 04 e 08 de março de 2008.
Dentro da agenda de visitações programada pelo exército, o nosso chefe de contingente, Major Agrício – PMDF - conseguiu que a comitiva ficasse conosco ao menos um dia, a fim de conhecer a realidade do trabalho desenvolvido pela UNPOL, visitar algumas unidades de FPU – Formed Police Unit – e, sobretudo, tomar conhecimento de que existia um Contingente Policial Brasileiro na MINUSTAH, fato que, logicamente, era de desconhecimento da maioria dos visitantes. No dia destinado a nós, o Force Commander agendou de última hora uma palestra para a comitiva no Hotel Cristopher – Sede da Missão em Porto Príncipe – consumindo quase toda a parte da manhã. Em vista disso, conseguimos cumprir apenas parte da agenda que havíamos programado. Realizamos uma exposição do trabalho de cada integrante do Contingente Policial Brasileiro na sala de conferências do Cristopher, visitamos a DIROPS – Diretoria de Operações da UNPOL, fomos recebidos pelo Police Commissioner, Diallo Mountaga, e, por fim, visitamos a FPU da Jordânia, a qual estava sediada na Academia da Polícia Nacional do Haiti (foto acima). Dois dias após este primeiro encontro, participamos de uma vista à FPU da China, localizada próximo ao Aeroporto Internacional Toussaint Louverture, onde fomos recepcionados pelo Comandante, o qual nos conduziu para uma visitação às instalações e após nos ofereceu um almoço típico da cozinha oriental.
A comitiva gostou muito da experiência, principalmente dos momentos em que puderam estar em contato direto com as atividades desempenhadas pela UNPOL nos diversos segmentos da missão. Com certeza aqueles policiais saíram do Haiti com uma visão positiva do trabalho policial, pois tiveram a oportunidade de conhecer verdadeiramente um pouco sobre a participação policial brasileira em uma missão de paz.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

UN Police entrega o comando da Polícia Marítima aos policiais timorenses

Como parte do processo de restituição da responsabilidade total de comando à Polícia Nacional do Timor Leste - PNTL - sobre suas unidades policiais, o Comando da UN Police entregou definitivamente aos policiais timorenses a responsabilidade pela execução dos serviços de polícia marítima, o qual tem como missão o patrulhamento das águas territoriais do Timor Leste.
A Cerimônia ocorreu no 14 de dezembro e, em seu discurso, o Police Commissioner Luis Carrilho – de nacionalidade portuguesa – destacou a importância da polícia marítima para a segurança do país, bem como parabenizou o efetivo da polícia marítima timorense e os UNPOLs responsáveis pelo seu treinamento pelo progresso alcançado no decorrer da formação.
Você pode encontrar fotos do treinamento da equipe de mergulhadores da polícia marítima da PNTL no site http://americandivemaster.com/marinepolicemain.html

Fonte: http://timorlorosaenacao.blogspot.com/

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Impressões do Police Commissioner da MINUSTAH a respeito da Extensão


Recordo de uma longa conversa que tivemos com o Police Commissioner da MINUSTAH, Diallo Mountaga, em seu gabinete no Hotel Christopher, por ocasião da despedida do contingente policial brasileiro em dezembro de 2007. Na foto acima o PC aparece com TODO o contingente policial da MINUSTAH, Cap Freitas, Cap Marco, Maj Braga e Ten Carrera na cerimônia do Medal Parade do BRABATT. Naquela reunião o Police Commissioner disse não entender o motivo pelo qual o Brasil não possuía um contingente policial mais expressivo numericamente na missão, visto que de todos os policiais em cargo de chefia só ouvia relatos positivos sobre o excelente trabalho desenvolvido por todos os policiais brasileiros que já haviam passado pelo Haiti, sem exceções. Logicamente também veio à tona a comparação entre os contingentes brasileiros da MINUSTAH, sendo o policial, 04 Oficiais, e o militar, 1200 homens entre Oficiais e praças das três forças armadas. Em vista disso, também comentou que não entendia o motivo pelo qual o Brasil não concedia extensões aos policiais. No decorrer do diálogo o Police Commissioner expôs o seu ponto de vista a cerca do período de trabalho na missão.
Para Diallo Mountaga, o “Tour of Duty” de um ano está dividido em 04 fases distintas. Todas elas de aproximadamente 03 meses. O policial, ao chegar à área de missão, demora em média 03 meses para se adaptar ao idioma, clima, cultura, fuso horário, colegas de trabalho, alimentação e distância da família.
Passado este prazo inicial o policial começa a se familiarizar com o funcionamento da missão, sua estrutura organizacional, os seguimentos que a compõem (policial, militar e civil) e, principalmente, passa a compreender a sua função como UNPOL. Lá se vão, segundo o Police Commissioner, outros 03 meses. Ou seja, metade do seu período de missão.
A partir deste momento o UNPOL entra na terceira fase do seu Tour of Duty, na qual passa a exercer suas funções com mais desenvoltura, confiança em si mesmo e, sobretudo, pondo em prática todo o conhecimento adquirido com as experiências vividas até então. Isto facilita sobremaneira as tomadas de decisão nas situações diárias com que se depara, agregando mais qualidade na prestação do serviço. Passam-se mais 03 meses.
Na quarta fase o UNPOL está apto a assumir as funções de chefia, pois além da experiência adquirida, já possui uma visão macro da missão e está mais intimamente ligado aos objetivos gerais e aos objetivos específicos da UN Police. É justamente nesta fase que o policial começa a desacelerar, pois completa seu tempo e tem que retornar ao seu país de origem. O último mês de missão o UNPOL praticamente passa em função do último CTO – período de descanso – e dos procedimentos de check out. Administrativamente, na visão do Police Commissioner Diallo Mountaga, a missão perde muito com isso, pois se o policial tivesse ao menos uma extensão poderia contribuir de forma mais eficiente e eficaz com a missão de paz. Por isso, concluiu que a extensão é benéfica para as Nações Unidas.
Concordo plenamente com o que o PC disse naquela ocasião, mas lembro que explicamos a ele o motivo do Brasil não conceder extensões aos policiais, justamente a limitação imposta pelo nosso governo ao número de UNPOLs, tema que foi abordado no tópico anterior.

sábado, 12 de dezembro de 2009

O Brasil não concede Extensões aos policiais em Missão de Paz

Todo policial ao ser designado para uma missão de paz da ONU, com raras exceções, assina um contrato de serviço válido pelo período de um ano. No entanto, ao concluir este período, existe a possibilidade de renovação por mais 06 meses: este procedimento é denominado de “extensão”.
Para receber a extensão é necessário que o UNPOL preencha um requerimento padrão, normalmente após o oitavo mês de missão, o qual deverá ter parecer favorável do seu Team Leader, bem como do Chief of Staff e do próprio Police Commissioner. Recebendo estes pareceres favoráveis o documento será enviado ao DPKO e em seguida ao país de origem do UNPOL a quem compete dar a palavra final: concedendo ou não a extensão. Em muitos países este procedimento é comum, normalmente o policial recebe uma ou duas extensões durante o seu período de missão.
No Brasil isso não acontece, nosso governo não concede extensões. Acredito que o critério adotado pelo Brasil, nas atuais circunstâncias, é o mais justo. Explico o motivo deste meu posicionamento.
Para se ter uma idéia, até o dia 30 de novembro de 2009 (quando expirou o prazo de validade do concurso de maio de 2008) havia 43 Oficiais aprovados nas duas seleções realizadas em 2008 (maio e agosto), a estas devemos somar as aprovações deste ano (ainda não divulgadas no site do COTER). Por uma questão de justiça estes números não permitem que se fale em extensão!
Afinal são apenas 13 vagas existentes para Oficiais brasileiros na UNPOL (04 no Haiti, 03 no Sudão e 06 no Timor Leste) e falar em extensão é falar em protelar em alguns meses a oportunidade de outros Oficiais integrarem alguma dessas missões, ou mesmo em terminar com o sonho de alguém que está “ready to go”, visto que o prazo de validade do concurso do COTER é de apenas 18 meses.

Acredito que antes de pleitearmos extensões deveríamos concentrar esforços em aumentar o número de vagas para policiais brasileiros nas missões de paz da ONU.

No próximo post falarei sobre uma reunião que o contingente policial brasileiro no Haiti teve com o Police Commissioner em dezembro de 2007 em que se debateu a respeito do tema extensão.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Fim de missão do contingente brasileiro na MINUSTAH

Foi publicado no "boletim interno" da United Police da MINUSTAH o End of Mission - EOM - do contingente brasileiro composto pelo Cap Algenor - PMAM - Cap Bassalo - PMPA - e Ten Heberton - PMDF. Esta publicação é um procedimento de rotina e ocorre cerca de 45 a 30 dias antes da data prevista para o regresso. É a partir da emissão deste documento, o qual também é enviado ao DPKO em Nova York, que são iniciados os procedimentos para a expedição da Travel Authorization (documento do DPKO que determina data de embarque e autoriza a despesa com a passagem aérea) para os policais substitutos.
E a MINUSTAH continua....missão cumprida para uns e início de jornada para outros!
Felicidades a todos

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Notícias do Timor Leste

Recebi alguns e-mails de colegas brigadianos solicitando informações a respeito das notícias sobre o Capitão Hoffmann, as quais não são mais encontradas nos arquivos do blog. Em respeito a estes e aos demais leitores informo que TODOS os posts referentes ao trabalho policial brasileiro no Timor Leste, incluindo o post sobre o Medal Parade, publicados a partir de julho deste ano, mês de criação do "unpolicebrasil", foram excluídos dos arquivos do blog.
Tal medida atende a pedido dos próprios policiais integrantes do contingente policial brasileiro no Timor, os quais respeitamos e admiramos pelo excelente trabalho realizado até o momento "in the Service of Peace" no Timor Leste e que contribuíram com sua dedicação e determinação para o engrandecimento do Brasil e das instituições policiais brasileiras além mar. A retirada também foi realizada pelo Tenente Carrera em seu blog "missãodepaz".
Os futuros UNPOLs brasileiros não precisam ficar preocupados, pois nos empenharemos mais ainda em manter todos informados sobre o andamento da missão, buscaremos informações no próprio site da ONU e em outros blogs que escrevem sobre o tema.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Despedida do Chefe de Contingente Brasileiro no Haiti - Dezembro de 2007

As palavras que o Major Silva - PMERJ - utilizou para descrever o momento da despedida do efetivo brasileiro de Yei no Sudão, especialmente o reconhecimento por parte dos demais UNPOLs, fizeram com que eu me recordasse de um dos momentos mais emocionantes que vivenciei no Haiti. Este Momento foi a despedida do nosso Chefe de Contingente, major Braga PMPA – atualmente TCel Braga – em dezembro de 2007. Procurei nos meus arquivos e encontrei um vídeo daquele dia. Embora grande parte dos discursos tenha sido conduzida em francês, o vídeo serve para que possamos ter uma idéia da respeitabilidade brasileira na MINUSTAH e do relacionamento cordial e amistoso entre os UNPOLs dos vários países componentes do efetivo policial.
Na ocasião o efetivo da Traffic and Circulation Unit, unidade que eu integrava e da qual o TCel Braga era o Team Leader, organizou uma pequena festa de despedida. A nossa unidade era localizada na Logbase, base da ONU ao lado do Aeroporto Internacional Toussaint Louverture, local que reunia várias unidades de UNPOLs o que nos proporcionava a convivência diária com policiais de vários países. No vídeo podemos visualizar policiais da Espanha, Sri Lanka, Níger, Nigéria, Mali, Guiné, Nepal, EUA, França, Canadá, Egito, Romênia, Benin, China e Burkina Faso, bem com funcionários civis haitianos. Esta reunião nada mais é do que um “retrato” fiel da diversidade cultural e de experiências profissionais que o trabalho na ONU nos propicia conhecer.
Todo o contingente policial brasileiro estava presente, na filmagem aparecem, além do TCel Braga, eu e o Capitão Freitas. O Tenente Carrera foi o responsável pelas imagens.
O UNPOL canadense que falou em nome dos demais era o nosso chefe imediato, responsável por todas as unidades de monitoramento existentes na MINUSTAH. Após o discurso o TCel Braga recebeu dois quadros com pinturas típicas do Haiti comprados pelos integrantes da Traffic and Circulation, uma peça em couro proveniente do artesanato do Níger e, por fim uma roupa típica entregue pelo Chefe de Contingente do Mali.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Missão Cumprida! O Major Silva - PMERJ - Inicia check out no Sudão


O Major Silva, da PMERJ, está prestes a concluir seu período de serviço na Missão de Paz da ONU no Sudão. Após um ano longe de casa o veterano Boina Azul faz um balanço sobre o tempo em que alimentou o sonho de servir às Nações Unidas até o momento em que foi designado para a UNMIS e teve a oportunidade de trabalhar " In the Service of Peace" - fato semelhante ocorreu comigo e, acredito, com grande parte dos Oficiais que já integraram uma missão de paz, inicialmente a ONU era um sonho distante mas que se tornou realidade pelo esforço e dedicação de cada um. O Major Silva (na foto acima no momento da despedida em Yei) concluiu seu texto com dicas importantes aos futuros UNPOLS:

"CHECK OUT, Tempo de reflexão.
Caros Amigos, iniciei o meu processo de check out. Como tudo na vida, uma hora acaba. Nesse momento, fico pensando sobre todo o ano que passei longe dos amigos, da família, do conforto. Valeu à pena? Sim, certamente que valeu!
Desde os tempos de tenente, em 93 ou 94, não lembro bem, tinha vontade de participar de uma UN Mission. Veio Angola, Moçambique, não apliquei, pois achava que não tinha condições. Meu inglês não seria suficiente. Também não tinha prática como motorista, apesar de ser habilitado. Depois veio a missão no Timor e, já estando no BOPE, fui requisitado pelos oficiais que iriam para a missão, a conduzir um treinamento para eles. Eu tinha acabado de vir dos EUA onde tinha atendido a um treinamento no Departamento de Estado Norte Americano. Um dos oficiais (atualmente o Cel Carvalho) veterano de missão, falou comigo em tom de brincadeira que só aceitava comandos em inglês para a prática de tiro. Conduzi o treinamento em inglês o que fez com que os oficiais insistissem que eu aplicasse para a missão... Ainda não o fiz. Depois tentei aplicar para a MINUGUA e fiz um teste de espanhol, mas não houve o prosseguimento na missão. Finalmente em 2008 resolvi, incentivado pelo tenente Penha Brasil a fazer os testes do COTER. Fiz, passei e fui o primeiro a ser chamado. Aqui estou a dez dias de completar a missão, graças a Deus com êxito.
Na despedida de Yei, pude perceber o quanto os brasileiros são respeitados. Vários discursos e homenagens fizeram para nós... em 11 meses por lá não vi nenhum check out igual.
Para os novatos... Viva a missão, tire fotos, converse, reze, pratique esportes, vá ao Brasil, troque informações, troque souvenirs e lembre, o relógio não para! Nos momentos de angústia, pense nisso. Para uns a missão demora, para outros, voa... Procure sua zona de conforto. Exercite o Stress Management, pois um dia você estará checking out !
Como dica operacional, guarde toda a papelada, MOP, Leave Request, Accomodation Request, Boarding Passes, Hand over Notes, isso facilitará em muito o processo.
Obrigado a todos que contribuíram para que a bandeira do Brasil tremulasse tão longe de casa.

Major PMERJ Andre SILVA de Mendonça
UNMIS 2008/2009 "

Parabéns a todos os Oficiais brasileiros que estão concluindo sua missão no Sudão!