domingo, 17 de junho de 2012

Sudão do Sul: Desafios da nova Nação africana

Este mapa representa um dos maiores desafios do governo do Sudão do Sul após a declaração de independência em 09 de julho de 2011: fazer com que o sentimento de nação supere o sentimento tribal. O país é divido em 39 grupos étnicos diferentes, os quais estão identificados pelas cores e nomes no lado esquerdo do mapa. O mapa também deixa bem claro que estes grupos étnicos possuem o seu próprio “território” dentro do país. Além disso, também possuem o seu próprio idioma o qual é utilizado nos diálogos do dia-a-dia em suas comunidades. Para se comunicarem entre os diferentes grupos eles utilizam o árabe, idioma aprendido de pai para filho e que a grande maioria fala, mas não sabe ler ou escrever em tal idioma. O inglês então, mesmo sendo declarado idioma oficial do país após a independência, só é falado por quem freqüentou a escola. E como vocês podem imaginar, o índice de freqüência escolar é muito baixo ainda. O inglês agora faz parte do currículo escolar nacional. É matéria obrigatória desde a primeira série do ensino fundamental. O resultado disso é que muitas vezes, durante nosso trabalho, conseguimos conversar em inglês de forma básica com as crianças e não conseguimos com seus pais. Cada grupo étnico possui também sinais característicos feitos no rosto dos homens quando estes atingem a idade de 15 anos, como um ritual de passagem para a idade adulta. Bom, alguém poderia pensar.....sinais tribais.....África...tudo certo! ERRADO... esta prática de marcação foi introduzida pelos ingleses durante o período colonial, pois eles tinham que saber com que tribo estavam tratando dos seus negócios por estas bandas. Após a partida dos europeus, os locais deram prosseguimento às marcações faciais, ação que o governo agora quer abolir através de campanhas de incentivo ao abandono desta prática. Uma tarefa difícil, pois existem casos de meninos que se marcam sozinhos, mesmo contra a vontade dos pais, pois querem se sentir adultos, eles querem parecer como os demais, ou seja, querem “deixar de ser criança” sob a ótica da cultura local. O abandono de práticas tradicionais, em qualquer parte do mundo, demanda tempo e conscientização do povo. O governo e as lideranças tribais estão fazendo a sua parte, buscando a cada dia, a cada reunião comunitária, a cada contato com o povo explicar as vantagens da abolição completa desta prática. O caminho a ser percorrido é longo, mas eles têm convicção e sabem onde querem chegar.

2 comentários:

Lauro Pedot disse...

Caro capitão Marco, obrigado pelas informações. O processo é interessante, transparente, barato e veloz. Saudades de um chimarrão?
Fraternal abraço a todos os membros da Missão.

Lauro Pedot disse...

Referi-me ao processo eleitoral de escolha do "commissioner".