Semana passada no blog do
Carrera foi publicada notícia a respeito dos CTOs do Maj Silva - PMERJ - no período em que esteve em missão no Sudão. Para os veteranos nenhuma novidade, no entanto para os aspirantes a UNPOL pode ter ficado uma indagação: o que é CTO?
CTO é uma sigla que significa Compensatory Time Out, ou seja, é o tempo que a ONU concede como compensação pelo período contínuo de trabalho - Os UNPOLs executam uma jornada de trabalho de oito horas diárias de domingo a domingo - sem descanso. Por este motivo existe um sistema de folgas, o CTO. Os manuais da ONU determinam uma regra geral, a qual pode ser readequada de acordo com as peculiaridades e necessidades de cada missão. O regulamento estabelece que a cada 5 dias de trabalho o UNPOL recebe 1 dia de folga. Além disso o UNPOL recebe 1,5 dias de folga a cada mês de missão, esta folga recebe a denominação de Annual Leave. Para exemplificar e facilitar o entendimento, ao final de 60 dias de trabalho o UNPOL terá direito a 12 dias de CTO (1 dia a cada 5 de trabalho) e mais 3 dias de Annual Leave (1,5 dias a cada mês), totalizando 15 dias de folga. A ONU preconiza que estes dias de folga devem ser passados fora da área de missão para que o UNPOL tenha um descanso, inclusive psicológico. Cabe salientar que os gastos com estas viagens são por conta do UNPOL. Normalmente a ONU possui um voo semanal gratuito com destino específico fora da área de missão. No caso do Haiti o voo é para Santo Domingo na República Dominicana, já no Timor o voo é para a Austrália. As folgas dos funcionários civis e dos militares são contabilizadas de forma diferente.
Este período de descanso é fundamental para "recarregar as baterias", transcrevo abaixo um trecho do diário que escrevi no período em que estive no Haiti e que faz referência ao CTO:
“ Port au Prince - 19 out 2007 - 21h00min
Passado o nosso Medal Parade as atenções voltam-se para o CTO, não vejo a hora de chegar em casa e rever a familia. O tempo fora vai ajudar na convivência aqui, pois o trabalho contínuo sem folga acaba nos tornando cada vez mais explosivos, menos complacentes com situações do cotidiano. O trabalho em equipe com policiais de várias nacionalidades faz com que o trabalho diário seja repleto de situações em que precisamos relativizar e nos adaptar a cultura e modos de agir de cada policial aqui, alguns relativizam enquanto outros não tem essa facilidade e tentam impor suas idéias. Com isso passamos a nos estressar facilmente e a perder a calma com coisas pequenas. Em casa a convivência com os outros brasileiros também tem seus altos e baixos, algumas discussões viram coisa do cotidiano, como em qualquer familia. A viagem é necessária para que possamos recarregar as baterias. Agora é só pensamento no CTO, faltam 5 dias, 3 de serviço e 2 de viagem. Não vejo a hora de encontrar minha familia e ficar com as pessoas que amo. Espero que todos gostem dos presentes que estou levando.”