sábado, 31 de julho de 2010

Participação de policiais femininas nas missões de paz

A participação feminiva nas operações de manutenção de paz é muito valorizada e incentivada pelas Nações Unidas. A Resolução n° 1.325 do Conselho de Segurança da ONU estabelece vários objetivos a serem buscados pelo DPKO com relação ao tema, dentre os quais podemos destacar os seguintes:
a) A designação de um número maior de mulheres como Representantes Especiais do Secretário Geral - SRSG - nas Missões de Paz;
b) Aumentar a participação de mulheres em missões de paz, especialmente entre observadores militares, policiais e civis de ajuda humanitária e direitos humanos;
c) implementação em todas as missões de unidade específica para tratar das questões que envolvem o gênero (masculino/feminino), a Gender Unit.
No desempenho de suas atividades diárias algumas unidades possuem cargos específicos para policiais femininas, como no caso da própria Gender Unit ou da unidade da Polícia Judiciária respondável em investigar os casos de violência contra a mulher na MINUSTAH.
Embora o campo de atuação para as mulheres seja vasto, o Brasil ainda tem uma participação pequena de policiais femininas. Eu credito isso à baixa participação de Oficiais femininas no processo seletivo, pois acredito que todas que tenham sido aprovadas pela IGPM tenham recebido sua designação para alguma missão. No último processo seletivo ocorrido em Porto Alegre em maio tivemos a aprovação da Tenente Lígia da Polícia Militar do Estado de São Paulo - PMSP - a qual, inclusive, reforçando a minha tese, já foi chamada para integrar o contingente policial brasileiro na missão no Timor Leste.
A quarta edição da revista UN POLICE, lançada em janeiro deste ano pelo Departamento de Operações de Manutenção de Paz e disponível na página do DPKO , trata quase que exclusivamente do tema "participação feminina em missões". Entre os dados fornecidos encontramos os 10 países que mais enviaram mulheres para missões de paz no ano de 2009. Sendo estes os seguintes: Nigéria (154); India (116); Ghana (64); Africa do Sul (45); Uganda (44); Zâmbia (37); Nepal (34); Filipinas (24); Bangladesh (23) e Suécia (19). Estes dados são relativos à dezembro de 2009. Nigéria e India se destacam nos números em virtude da participação das policiais femininas nas FPUs - Formed Police Units - desses países.
Pois foi justamente com uma FPU que Bangladesh aumentou consideravelmente sua participação este ano. No início do mês de junho chegou ao Haiti a primeira FPU composta na sua totalidade por policiais femininas. São ao total 120 mulheres, conforme podemos ver nas fotos abaixo. Esta é a segunda FPU exclusivamente feminina na história da missões de paz da ONU, a primeira foi uma FPU indiana que trabalhou na missão de paz da Libéria em 2007, a qual tinha em seu efetivo 103 policiais femininas.

Fotos: UN Marco Dormino

sexta-feira, 30 de julho de 2010

UNAMID: Piloto russo é libertado

O piloto russo seqüestrado na última terça-feira em Darfur foi liberado ontem por seus captores, integrantes da milícia árabe denominada de Janjaweed, os quais são alinhados ao governo de Cartum. Os integrantes do grupo armado declararam que utilizaram o ato para chamar atenção da comunidade internacional para a situação na região. O piloto, um capitão russo, foi entregue a representantes da UNAMID.
A prática de seqüestros de estrangeiros ligados às Nações Unidas está se tornando rotina em Darfur. Na terça-feira foram liberados dois civis alemães pertencentes a uma ONG que trabalha em um dos projetos da ONU naquela região sudanesa. Os civis, um de 34 e outro de 52 anos haviam sido seqüestrados em sua casa na cidade de Nyala no final do mês passado. Na mesma região, em maio, quatro UNPOLs sul-africanos permaneceram em cativeiro por duas semanas.
Fonte: site EPA e Terra

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Darfur: ONU dá nova versão para o sequestro do helicóptero

O porta-voz da Missão das Nações Unidas em Darfur , Martin Nesirky, deu uma nova versão para o caso do suposto seqüestro do helicóptero da ONU que teria ocorrido ontem na região do Sudão Ocidental. Segundo a versão apresentada hoje a aeronave transportava três líderes rebeldes para uma reunião em que seriam tratados assuntos relativos a negociações de paz para a região. No entanto, o piloto equivocou-se e realizou o pouso em local errado e a aeronave logo foi cercada por habitantes locais de maioria árabe que acabaram espancando o piloto e os três comandantes rebeldes. Após o episódio, todos os ocupantes da aeronave foram transferidos para uma base militar de ONU em segurança, exceto o piloto russo que continua desaparecido. Nesirky salientou que a ONU instalou um gabinete de crise e está tentando identificar os responsáveis pelas agressões, bem como tentando localizar o piloto.
Este fato demonstra a dificuldade que as Nações Unidas e a União Africana estão enfrentando para restabelecer a paz e a ordem na região em Darfur, localizada no oeste do Sudão. Uma guerra civil está em andamento há sete anos e, segundo a ONU, já resultou em 300 mil mortos e 2,7 milhões de pessoas foram obrigadas a deixar suas casas e passar a viver acampamentos para refugiados.
Fonte: site ionline

terça-feira, 27 de julho de 2010

Helicóptero da UNAMID teria sido sequestrado no Sudão

Agências internacionais de noticiais haviam divulgado hoje pela manhã que um helicóptero da companhia aérea russa UT Air, a qual presta serviço às Nações Unidas, havia desaparecido horas antes na província sudanesa de Darfur provavelmente em conseqüência de um seqüestro praticado por rebeldes da região. O helicóptero, modelo Mi-8MTV, o mesmo utilizado em missões como a do Haiti (foto), contava com uma tripulação de quatro russos e transportava cinco passageiros sudaneses.
No início da tarde a companhia aérea divulgou nota oficial informando que a aeronave já retornou a sua base, desmentindo o suposto seqüestro. Segundo a empresa, o helicóptero fazia um voo entre Sudão e Chade e foi retido por autoridades locais durante uma escala em território sudanês, os ocupantes não sofreram nenhum tipo de dano. O comunicado informa ainda que a ONU, conjuntamente com a embaixada russa e representantes da empresa conduzirão uma investigação para esclarecer por completo o caso. A embaixada russa fez questão de esclarecer que a aeronave fazia um vôo regular de serviço para UNAMID – Missão de Paz conjunta das Nações Unidas e da União Africana em Darfur.
O estranho desta notícia é que estes voos regulares são comuns em todas as missões, fazendo rotas pré-determinadas com escalas autorizadas e utilizando somente aeroportos credenciados, ou seja, não haveria motivo para que a aeronave fosse retida justamente por autoridades locais. O caso realmente merece uma investigação mais aprofundada.

No vídeo abaixo podemos ver um desses helicópteros chegando ao aeroporto da base da ONU em Porto Príncipe proveniente de uma cidade do interior do país.

MINUSTAH - Treinamento de FPUs

O capitão Bassalo da PMPA trabalhou na Crowd Control Unit, pertencente à Diretoria de Operações, no período em que esteve no Haiti. Esta unidade é a responsável pelo emprego das FPUs - Formed Police Units. As FPUs, entre outras atividades, possuem a missão de atuar em situações de distúrbios civis. Pensando em unificar doutrinas em todas as missões de paz, visto que cada FPU chega ao local de missão trazendo consigo a experiência de trabalho em seu país de origem, o DPKO determinou a criação de um curso que pudesse contribuir no estabelecimento de padrões de conduta.
O Capitão Bassalo teve a oportunidade de participar desse treinamento, conforme nos relatou:
Esse curso foi realizado por determinação do Department of Peacekeeping Operations – DPKO - como forma de padronizar procedimentos no que tange a Controle de Distúrbios Civis, técnicas e táticas de deslocamento a pé, intervenção em estabelecimento penitenciário, patrulhamento tático e força de ação rápida (choque rápido). Os instrutores receberam o treinamento no centro de operações de Paz da Rússia e posteriormente as equipes compostas de 6 UNPOLs (na MINUSTAH - CANADENSE, CHINÊS, CROATA, NEPALÊS, RUSSO e um SUIÇO) foram desdobrados nas diversas missões da ONU que possuem FPU por um período de 5 meses com a missão de disseminar a referida doutrina.
Abaixo algumas fotos do curso.

Eleições no Haiti: surge um novo candidato a Presidente

As eleições Haitianas previstas para o dia 28 de novembro deste ano receberam ontem um fato novo. Em meio a políticos de carreira surge um nome conhecido da população, mas que se lança em sua primeira empreitada política. Trata-se do cantor Wyclef Jean, o qual, embora não tenha confirmado sua candidatura, cumpriu todos os prazos da justiça eleitoral haitiana e encaminhou toda a documentação necessária para concorrer ao cargo de Presidente do Haiti. Wyclef Jean, mesmo tendo se mudando com a família ainda jovem para os Estados Unidos, sempre manteve um vínculo afetivo com sua pátria. O rapper haitiano, após iniciar sua carreira artística com o grupo chamado Fugee, partiu para a carreira solo e obteve reconhecimento e fama ao ponto de gravar o clipe da música " Hips don't lie" com a cantora Shakira e liderar, recentemente, o grupo de cantores que regravou a famosa música "We are de World 25 for Haiti" com a finalidade de arrecadar fundos para a reconstrução do Haiti no pós-terremto.
Wyclef Jean mantém projetos sociais no Haiti onde criou uma fundação em 2005 na cidade de Gonaives denominada Yele Haiti e que tem distribuído bolsas de estudo e material escolar para crianças em todo o país, bem como planeja a construção de escolas principalmente após o terremoto de janeiro deste ano. Além disso, Wyclef Jean possui um projeto social na favela de Cité Soleil, na capital Porto Príncipe, onde construiu casas populares. Nas fotos abaixo podemos ver, pela ordem, as casas em Cité Soleil, uma imagem aérea do projeto em meio à favela constratando com a porbreza do local, uma foto do mercado público que existente no ponto central da favela e, por fim, uma foto de uma visita que o cantor fez à sede da MINUSTAH em março de 2008 na qual aparece o Major Agrício da PMDF, nosso chefe de contingente na época, e que teve a missão, juntamente com outros integrantes da Diretoria de Operações, de acompanhar Wyclef Jean durante sua estada em Porto Príncipe.

Fonte: Site Undercover

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Missões de Paz: Distintivos, Brasões e Insígnias

O fato de ter participado de uma missão da ONU e de escrever este blog faz com que muitos policiais entrem em contato comigo a fim de obter informações sobre como participar de uma missão, orientações sobre a prova de inglês, a chegada na missão, adaptação, o convívio diário com policiais de outros países, entre outros temas. Isto é muito bom, pois afinal é este o objetivo do blog: compartilhar com os leitores as informações sobre a participação policial em uma missão de paz.
Aproveitando a oportunidade de que alguns Oficiais estão próximos da data de embarque para o Timor (embora muitos sejam veteranos e já saibam do que vou dizer), bem como outros estão se preparando para as provas no final do mês de agosto, aqui vai mais uma dica. Uma prática muito comum entre os policiais integrantes de uma missão de paz da ONU é a troca de distintivos, brasões e insígnias de suas polícias. Durante minha estada no Haiti pude conseguir vários distintivos, os famosos Police Badges. Para tanto, o policiail deve estar preparado e levar do Brasil muitas bandeiras, insígnias e pins. Quanto mais tiver, maior a probabilidade de ter uma ótima coleção ao final da missão.
Abaixo fotos de duas coleções. A primeira é minha, já a segunda é do Capitão Bassalo da PMPA que também é veterano da MINUSTAH. Os leitores mais atentos poderão identificar um distintivo do BOPE entre os vários distintivos da minha coleção. Explico, em maio de 2008 recebemos em Porto Príncipe a visita de uma comitiva da Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro, entre os integrantes da comitiva havia Policiais Civis e Oficiais do BOPE, dentre os quais o comandante da época, Coronel Pinheiro Neto o qual presenteou os UNPOLs brasileiros com o distintivo.

sábado, 24 de julho de 2010

Entrevista Telefônica: a última etapa do concurso

O final do mês de julho está sendo de muita "correria" para alguns Oficiais que recentemente foram designados para a missão no Timor Leste - UNMIT - e de certa ansiedade para os Oficiais que aguardam a indicação para a Missão no Haiti - MINUSTAH.
Durante esta semana alguns dos Oficiais já designados passaram pela última fase da seleção. Sim, após passar pelos testes da IGPM e ter seu nome indicado pelo Brasil ao DPKO, o Oficial ainda necessita cumprir a última etapa do concurso antes de receber a Travel Authorization: ser aprovado na entrevista telefônica.
Normalmente a entrevista telefônica é realiza por um UNPOL integrante da unidade de treinamento (Induction Training Unit) da missão para qual o policial foi indicado. No meu caso, em 2007, eu fui entrevistado pelo próprio chefe de pessoal da UNPOL/MINUSTAH, um policial americano. Esta é uma etapa importante que deve merecer atenção especial dos Oficiais aspirantes à Boina Azul pelo simples fato de que o policial pode ser reprovado. Isto ocorreu com um dos indicados para a missão do Sudão no final do ano passado, conforme relatou o Capitão PMSC Emerson em um texto publicado aqui no blog. Este é o motivo de termos apenas dois UNPOLs brasileiros na UNMIS ao invés de três como era o contingente de 2009.
Fiquei feliz em receber hoje a informação de que o Capitão Araújo (APM/RS 1997), meu colega de turma, foi entrevistado ontem por um UNPOL Australiano da Induction Training Unit da Missão de Paz da ONU no Timor Leste e foi aprovado.
Agora sim. É só aguardar a autorização de viagem e arrumar as malas!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Presidente Sudanês desafia Tribunal Penal Internacional


O presidente sudanês, Omar Al-Bashir (foto), desafiou o Tribunal Penal Internacional – TPI - ao realizar uma viagem ao Chade ontem a fim de participar de uma reunião da Comunidade dos Estados do Sahel e Saarianos, da qual o Sudão é integrante. Al Bashir desconsiderou os dois mandados de prisão expedidos pelo TPI por supostos crimes de guerra e genocídio no conflito existente em Darfur.
Ao ser recebido como todas as prerrogativas de Chefe de Estado pelas autoridades locais em Ndjamena, na capital do Chade, Bashir frustrou as expectativas que surgiram na comunidade internacional a respeito de sua possível captura. O Ministro do Interior chadiano chegou a declarar que Bashir não tinha “nada a temer”. As autoridades do TPI esperavam que o presidente sudanês fosse preso assim que desembarcasse no aeroporto de Ndajamena, pois o Chade é um dos países signatários do Estatuto de Roma, o qual criou o TPI, e por conseqüência teria a obrigação de cumprir os mandados de prisão expedidos pelo Tribunal. É a primeira vez que Al Bashir viaja a um país que faz parte do TPI desde que o tribunal emitiu o primeiro mandado de prisão contra ele em março de 2009. Antes desta viagem ele já havia visitado o Catar, a Etiópia e o Zimbábue.
O tribunal que tem sua sede em Haia na Holanda é a corte permanente criada para julgar crimes de guerra, no entanto não possui força policial própria e depende da cooperação dos Estados signatários para prender os acusados.
Alguns países do continente africano e do Oriente Médio que expressam apoio ao presidente sudanês tentaram em vão que o Conselho de Segurança da ONU revogasse os mandados de prisão, no entanto o pedido obteve os votos contrários de EUA e Grã- Bretanha.
Agora se espera que o Chade receba algum tipo de sanção do Tribunal Penal Internacional, mesmo que indiretamente, pois alguns países com cadeira cativa no Conselho de Segurança, como os EUA, fazem forte pressão internacional pela prisão de Al Bashir. Aguardemos os desdobramentos.
Fonte: site OGLOBO e Público 20

quarta-feira, 21 de julho de 2010

A Medalha da ONU: "In The Service of Peace"

Medal Parade é a denominação dada à cerimônia de entrega da medalha das Nações Unidas “IN THE SERVICE OF PEACE” a todo UNPOL, FPU e militares que compõem a força de paz. As regras de concessão da medalha podem variar de acordo com o tempo de permanência na missão, bem como com o segmento a que pertencer o integrante da força de paz. Estas regras são estabelecidas pelo DPKO. No caso dos UNPOL a medalha é concedida a todo policial que complete no mínimo três meses de missão e não possua em sua ficha funcional nenhuma anotação que desabone sua conduta.
A responsabilidade de organizar o Medal Parade é de cada contingente policial através do seu chefe de contingente – Contingent Commander. Alguns trâmites administrativos devem ser seguidos e com a devida antecedência caso o contingente queira escolher o dia da cerimônia, como por exemplo, o sete de setembro, caso contrário o próprio chefe de gabinete escolherá uma data.
Para os contingentes pequenos, como o brasileiro, normalmente a cerimônia é realizada em conjunto com outros contingentes policiais. O Contingent Commander poderá convidar outros países a participar ou, se achar por bem, poderá deixar isso a cargo do próprio gabinete do Chefe do Estado Maior. No período em que estive no Haiti (contingente 2007/2008) realizamos o Medal Parade em conjunto com os contingentes da Argentina e do Chile, pois os três contingentes eram pequenos (foto).

Para cada Missão de Paz a ONU cria uma medalha específica. A parte de metal da medalha é a mesma para todas as missões, contendo na parte frontal o símbolo das Nações Unidas e no verso a inscrição “IN THE SERVICE OF PEACE”. O que muda de uma missão para a outra são as cores do passador, as quais objetivam destacar os aspectos principais de cada país. A descrição do significado das cores do passador encontra-se no diploma que acompanha a medalha. No caso da MINUSTAH o passador é composto pelas cores azul, verde, branco e azul marinho conforme a seguinte descrição:

O passador comporta uma faixa azul simbolizando a esperança. As duas faixas verdes representam o meio ambiente luxuoso e o potencial econômico do Haiti. No interior das duas faixas há duas faixas brancas iguais representando a promessa de paz e de prosperidade do mundo ao povo haitiano. Duas faixas azuis marinho nas extremidades simbolizam o oceano no entorno da ilha de Hispaniola.”

Na foto abaixo podemos visualizar medalhas de diversas Missões de Paz já realizadas pelas Nações Unidas e que se encontram em exposição na sede da ONU em Nova York, a qual tive a oportunidade de visitar em um dos meus CTOs (Compensatory Time Out).O passador possui uma característica interessante, pois, a partir do segundo semestre, a cada semestre cumprido na missão lhe é acrescentado um número. Ao final de um ano o passador ostentará o número “2” simbolizando dois semestres de missão. Caso o policial receba uma extensão no seu período de um ano, o passador recebe o número “3” e assim por diante. Outra particularidade do Medal Parade é que a ONU estabeleceu que a entrega da medalha somente pode ser feita por algum integrante do Staff das Nações Unidas, ou seja, pelo SRSG, Police Commissioner ou Force Commander, entre outros. Isto pode causar certo constrangimento em algumas situações, pois mesmo que o Embaixador do país cujo contingente esteja sendo agraciado com a medalha se faça presente à cerimônia, este não poderá ser convidado para realizar a entrega aos seus compatriotas.
Fotos: Acervo pessoal

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Chuvas intensas castigaram o Timor Leste

Fortes chuvas castigaram o Timor Leste neste mês de julho causando inundações em várias regiões do país. Muitos timorenses ficaram desabrigados e isolados no interior do país, como na região de Uatucarbao onde foi necessário o apoio aéreo de helicópteros da ONU (foto) para possibilitar a entrega de mantimentos e remédios para cerca de 230 famílias atingidas pela inundação.

A capital timorense, Dili, também foi atingida pelos temporais, nem mesmo o quartel da ONU escapou da inundação provocada pelas chuvas constantes, como podemos ver nas fotos abaixo que foram tiradas no dia 08 de julho. Na primeira foto visualizamos o estacionamento repleto de viaturas e uma funcionária da ONU com água na altura das canelas. Na segunda foto podemos constatar o posto de fiscalização dos guardas de segurança no portão principal também tomado pelas águas.

O Primeiro Ministro timorense, Xanana Gusmão, em declaração aos jornalistas disse que não é normal esta chuva torrencial no mês de julho no Timor Leste e creditou a mudança climática aos países industrializados. Xanana encerrou sua fala dizendo que "Isto está a acontecer por causa dos gases com efeito de estufa, que Timor-Leste pouco produz, mas de que é vítima dos países industrializados".
Fonte: Lusa
Fotos: Bernardino Soares (ONU)

Capitão da Brigada Militar designado para Missão de Paz no Timor Leste

O Capitão Rogério Araújo de Souza (APM/RS - 1997) foi designado para integrar o efetivo policial brasileiro na Missão de Paz da ONU no Timor Leste - UNMIT. O Capitão Araújo foi o único Oficial do Rio Grande do Sul aprovado na última avaliação feita pela IGPM – Inspetoria Geral das Polícias Militares – em Porto Alegre (foto), na qual foram aprovados também outros seis Oficiais, sendo três de Santa Catarina e três de São Paulo. Dos sete aprovados, seis foram convocados para a missão no Timor Leste, apenas um Capitão da PMSC, aprovado no idioma francês, ainda aguarda convocação para a missão no Haiti.
O trabalho na UNMIT não será a primeira experiência no exterior do Capitão Araújo, pois ele já esteve a serviço das Nações Unidas em 2006 quando integrou o efetivo policial brasileiro na Missão de Paz da ONU em Kosovo – UNMIK (Foto).
Todos os convocados encontram-se agora na fase de providências administrativas para a realização de exames médicos, confecção de passaportes e obtenção de vistos necessários para a viagem. Segundo informou a IGPM o embarque deverá ser dentro de 30 dias. No entanto, como o trâmite burocrático necessário para que os Oficiais estejam aptos para embarcar ainda depende da autorização de viagem (Travel Authorization) expedida pela ONU, acredito que este prazo se prolongará por mais alguns dias.
Sucesso a todos!

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Missões de Paz: Aumento de vagas para policiais brasileiros

Um dos temas mais debatidos nos fóruns a respeito da participação de policiais brasileiros em missões de paz da ONU é o que se refere ao aumento do efetivo. Isto porque todos os Oficiais veteranos de missão conviveram com a situação de ter que “tentar’ explicar (... sim, eu digo tentar, pois para mim não tem explicação) em algum momento de sua estada no exterior o motivo de o Brasil ter um efetivo pífio de policiais a serviço das Nações Unidas. Até o mês passado o efetivo policial brasileiro era constituído de 17 Oficiais, sendo 04 no Haiti, 02 no Sudão, 06 no Timor Leste e 05 na Guiné Bissau. Para que os leitores possam ter uma idéia, analisando o relatório da ONU de 30 de junho de 2010, referente a efetivos policiais, e pegando como exemplo apenas o caso da missão no Haiti, encontramos os seguintes dados: Brasil – 04 Policiais; Chile - 15 ; Argentina – 16; Colômbia – 23; EUA – 45 ; Canadá – 131; França 66, entre outros países. Ou seja, o Brasil está, em relação à quantidade de efetivo policial na MINUSTAH, no nível de países como: Burundi – 04 Policiais; e Togo – 04 Policiais.
No entanto, após a conjugação de esforços dos policias em missão e de veteranos aqui no Brasil, as notícias que nos chegaram nas últimas semanas apontam para uma mudança deste cenário.
No dia 29 de junho de 2010 uma comitiva da IGPM esteve em visita técnica na Polícia Militar do Estado do Pará. Naquela ocasião, oficiais veteranos da MINUSTAH e da Missão em Moçambique estiveram presentes em uma apresentação onde o Coronel Bezerra, da IGPM, confirmou o aumento de efetivo policial brasileiro no Haiti para 12 Oficiais e no Timor Leste para 16 Oficiais. Ou seja, um aumento de 8 vagas na MINUSTAH e de 10 vagas na UNMIT. O referido Oficial do Exército referenciou, ainda, que esse aumento será operacionalizado de maneira imediata e que para o preenchimento das vagas na MINUSTAH será priorizado o aproveitamento dos Oficiais aprovados no idioma francês e dos Oficiais aprovados que sejam veteranos da missão no Haiti, nesta ordem.
Esta informação começou a se confirmar logo na semana seguinte a esta visita técnica quando o COTER iniciou os contatos com os Oficiais aprovados na 1ª Avaliação realizada em maio simultaneamente em Brasília e Porto Alegre. Dos sete Oficiais aprovados em Porto Alegre (01 Cap e 02 Ten da PMSC; 03 Ten da PMESP e 01 Cap da BMRS) seis já receberam a designação do COTER para embarcarem para a missão no Timor Leste. O único que ainda não foi convocado é o Capitão da PMSC , o qual foi aprovado em francês e espera o chamado para compor a missão no Haiti. A estes se juntam outros 05 aprovados em Brasília os quais também já receberam a convocação para o Timor e agora aguardam orientações para a confecção da documentação necessária para o embarque.
O fato negativo disso tudo é que, por incrível que pareça, hoje a situação se inverteu, pois temos vagas e não temos oficiais aprovados para preenchê-las. Isso de deve ao fato de que algumas corporações estaduais não concordem em ceder muitos Oficiais de uma só vez para as missões da ONU, como é o caso da PMDF, bem como existam, ainda, muitos Oficiais reprovados nas provas de seleção, mais especificamente nas provas de idioma.
O COTER prepara para o final de agosto a 2 ª avaliação nas cidades de Recife e Manaus. Esta é uma oportunidade para que os reprovados na 1ª avaliação possam refazer os testes, assim como novos candidatos se habilitem para as vagas remanescentes na MINUSTAH e as futuras rotações de efetivo.
Uma dica aos candidatos: uma preparação específica para o concurso, com ênfase no vocabulário voltado para as atividades militares e policiais utilizando como fonte de consulta a bibliografia indicada é a porta de entrada para a realização do sonho de ser um Boina Azul.
Bons estudos e boa sorte a todos!

segunda-feira, 12 de julho de 2010

MINUSTAH - Chefe do Estado-Maior das tropas militares é repatriado


O Chefe de Estado-Maior das tropas militares da Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti – MINUSTAH - Coronel Bernard Ouellette (foto), foi destituído de suas funções e repatriado pelo governo do Canadá sob alegações de comportamento inadequado e de incapacidade de elevar o moral da tropa de capacetes azuis e manter a coesão das equipes de trabalho. "O Governo canadense já não tem confiança nele", declarou Jay Paxton, porta-voz do ministro de Defesa canadense, salientando que esta foi uma decisão do comandante do Comando da Força Expedicionária Canadense (CEFCOM), General Marc Lessard. O Coronel Ouelette era o Oficial mais graduado em uma equipe de 10 Oficiais canadenses a serviço das Nações Unidas no Haiti e gozava de bom conceito por parte do comando da missão. No entanto, conforme declaração do porta-voz da CEFCOM, T Cel Chris Lemay, O Coronel Ouellette está sob investigação por suposto envolvimento “inapropriado” com uma funcionária internacional do Staff da ONU no Haiti. Tanto o Coronel quanto a funcionária negam o relacionamento, no entanto, as denúncias partiram do próprio contingente militar canadense. Segundo Lemay, “a atmosfera dentro do contingente canadense no Haiti se tornou negativa ao ponto de afetar a coesão diária e a eficiência do grupo”.
O Coronel Ouellette é o segundo oficial canadense repatriado em menos de dois meses por motivos semelhantes, pois no mês passado o General de Brigada Daniel Menard, Oficial canadense mais graduado no Afeganistão, foi repatriado sob alegações de ter mantido um relacionamento inapropriado com uma Oficial subordinada. Este caso, assim como o do Haiti, ainda encontra-se em fase de investigação.
Fonte: site 24h Vancouver e Terra

domingo, 11 de julho de 2010

Missão de Paz: COTER divulga calendário de provas

O Comando de Operações Terretres do Exército Brasileiro - COTER - divulgou o calendário para a realização das provas da 2ª Avaliação de Oficiais Policiais Militares para Missão de Paz da ONU em 2010. As provas ocorrerão entre os dias 30 de Agosto e 3 de setembro simultaneamente em Recife e Manaus. Em ambas as cidades haverá avaliação no idioma Inglês, no entanto, a prova de Francês ocorrerá somente em Recife. A relação contendo o nome dos Oficiais indicados deverá chegar ao COTER até o dia 30 de julho, indicando a cidade e o idioma a que o candidato pretende se submeter à exame. Uma novidade em relação aos concursos anteriores é o fato de o documento enviado pelo COTER aos Estados conter a relação da bibliografia indicada para estudo, tanto para inglês como para francês, as quais transcrevo abaixo:
Referências bibliográficas para o idioma inglês:
Campaign - English for the Military - Students Book 1 e Workbook.
Campaign - English for the Military - Students Book 2 e Workbook.
Campaign - English for the Military - Students Book 3 e Workbook.
Campaign - English for the Military - Grammar Pratice.
Campaign - Dictionary of Military Terms.
Murphy Raymond, Basic Grammar in Use.
Murphy Raymond, Grammar in Use Intemediate.
Murphy Raymond, Advanced Grammar in Use.
Referências Bibliográficas para o idioma Francês
Os métodos mais modernos estão dentro do padrão para desempenho em idiomas do quadro europeu de referências. O nível B1 é o desejado.
Objective Express (vol 1 e 2) - Editora Hachette.
Latitudes (vol 1, 2 e 3) - Editora Didier.
Alors? (Vol 1, 2 e 3) - Editora Didier.
Alter Ego (vol 1, 2 e 3) - Editora Hachette.
Taxi (vol 1, 2 e 3 ) - Editora Hachette.
Também há a indicação dos seguintes sites:
http://www.tv5.org/
http://www.rfi.fr/
http://www.lepointdufle.net/
Abaixo uma foto da última avaliação realizada em Porto Alegre.
Bom estudo e boa sorte aos candidatos!

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Sudão: Mais um jornal fechado pelo governo

A cruzada do governo sudanês contra os veículos de comunicação favoráveis à independência da região sul teve mais um capítulo hoje. O jornal Al Intibaha foi fechado pelas autoridades locais por que fazia clara campanha pela separação do sul do Sudão e por criticar o governo. O Centro de Mídia Sudanesa divulgou nota oficial dizendo que o jornal foi "suspenso indefinidamente" pela maneira como fortaleceu o sentimento de independência. No último dia 06 de julho o jornal al Tayyar teve sua edição impresa suspensa pelos mesmos motivos.
As regiões norte e sul do Sudão abrigam populações com religiões distintas. A região norte tem como maioria muçulmanos, já os moradores do sul são praticantes do cristianismo e de crenças tradicionais. No entanto, o maior obstáculo à separação é justamente a questão econômica, pois o Sudão é um dos maiores produtores de petróleo do continente africano. Líderes das duas áreas deverão debater sobre como irão dividir os lucros da exploração do petróleo abundante na área caso o referendo aprove a independência do sul.
Fonte:Portal Imprensa

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Guiné Bissau: Policiais de trânsito são espancados por militares

Na esteira da crise guineense, ocasionada pela nomeação do General António Indjai para Chefe interino do Estado Maior das Forças Armadas, mais um capítulo foi escrito ontem nas ruas da capital Bissau. Cinco policiais de trânsito, sendo quatro policiais femininas, participavam de uma atividade normal de fiscalização de trânsito na avenida principal da capital guineense, próximo à Assembléia Nacional, quando tiveram a “infelicidade” de abordar um dos filhos do referido General.
O homem, o qual constatou-se posteriormente não possuir carteira de habilitação, não gostou de ter sido parado e reagiu violentamente à abordagem agredindo fisicamente uma policial feminina. Os militares que faziam a sua segurança pessoal agrediram os cinco policiais com cintos e coronhadas de AK-47. Após a agressão inicial, os militares, obedecendo ordens do filho do General Indjai, levaram os policiais para o quartel do Estado-Maior General onde foram novamente espancados. Os policiais deram entrada na emergência do Hospital Simão Mendes, “desfigurados e ensanguentados”, conforme relato de testemunhas.
A Assembléia Nacional Popular, ao tomar conhecimento dos fatos, agendou para hoje uma sessão especial para a qual convocou os ministros da Defesa, Aristides Ocante da Silva, e do Interior, Satú Camará Pinto, a fim de que se pronunciem sobre o ocorrido.
O sentimento geral da população de Bissau é de revolta perante estas arbitrariedades cometidas contra os policiais e a nova interferência de militares nos assuntos internos do país.
A fragilidade da autoridade policial frente aos desmandos dos militares é um dos obstáculos a ser enfrentado pela missão da ONU na Guiné Bissau –UNIOGBIS para alcançar a tão esperada estabilidade política.
Resta-nos desejar força ao Contingente Policial Brasileiro em Bissau para que possa auxiliar o governo local a superar mais esta crise em que se colocam em lados opostos policiais e militares guineenses.

Fonte: Site do jornal Público

Guiné Bissau: atos do governo provocam ameaçada de sanções internacionais


A Guiné Bissau passa por um momento de crise em suas relações internacionais motivado por decisões tomadas pelo governo do Presidente Malam Bacai Sanhá. O estopim da crise atual foi a nomeação do general António Indjai (foto) como Chefe do Estado-Maior interino das Forças Armadas, enquanto o antigo titular do posto, Zamora Induta, continua preso. A Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) acena com a possibilidade de sanções contra a Guiné Bissau, pois o General Indjai foi um dos militares que dirigiu um grupo de soldados revoltosos na origem da detenção do almirante Zamore Induta e do Primeiro-Ministro, Carlos Gomes Júnior, em abril deste ano, ação que foi considerada, a princípio, como uma tentativa de Golpe de Estado. A última reunião da CEDEAO que seria realizada justamente na Guiné Bissau nos dias 28 e 29 de junho foi cancelada em sinal de protesto. "Não compreendemos (a decisão da Guiné-Bissau) e não a aprovamos", declarou o presidente da Comissão da CEDEAO, James Victor Gbeho. A nomeação também foi criticada pelos EUA e pela União Européia.
Outro revés para a diplomacia guineense foi o cancelamento da viagem que o Presidente Lula faria ao país no último domingo, também em represália à nomeação do militar revoltoso, muito embora este não tenha sido o motivo oficial do cancelamento divulgado pelo Itamaraty. Lula disse que o Brasil só prestará ajuda econômica à Guiné-Bissau se o país resolver seus conflitos políticos internos. “Saibam os dirigentes de Guiné-Bissau que quanto mais divergência tiver, quanto mais brigas internas tiver, mais difíceis serão as ajudas que teriam que vir de outros países, sobretudo dos países mais desenvolvidos”. O encontro de Lula com o Presidente Sanhá ocorreu em Cabo Verde.

UNMIS: autoridades censuram jornal no Sudão

As agências de notícias internacionais que fazem a cobertura do Missão de Paz da ONU no Sudão- UNMIS – noticiaram nesta quarta-feira que o jornal sudanês AlTayyar , em circulação na região sul do país, foi censurado e teve sua circulação impedida pelo serviço de segurança do Sudão no dia de ontem, conforme informou à AFP o editor-chefe Osmane Mirghani. Ações deste tipo já estão se tornando rotina naquele país africano, pois as autoridades já haviam censurado outros veículos independentes e de oposição, em maio e junho deste ano. Em comum entre os veículos de comunicação censurados estão as duras críticas ao governo local.
A região sul do Sudão realizará um referendo sobre a independência da região em janeiro de 2011. Em contrapartida , o Presidente sudanês, Omar Hassan Ahmad al-Bashir (foto), tenta garantir a unidade nacional, promovendo ações para evitar a separação dessa localidade.
A censura imposta, embora condenada pela comunidade internacional, encontra respaldo nas leis locais onde a chamada “Lei de Imprensa” reconhece a liberdade de imprensa no país, desde de que não afete os limites da moralidade pública e da segurança nacional, já que o país tem maioria da população muçulmana. A Segurança Nacional é o motivo alegado pelo governo para justificar as sanções.
Fatos como o narrado acima nos dão uma noção da dificuldade do trabalho exercido pela ONU no Sudão, a qual tem, entre outras missões, o propósito de pacificar a região e de auxiliar no processo do referendo para que este seja conduzido de forma democrática e transparente. No entanto, encontra condições adversas impostas justamente pelo próprio governo e seus agentes.

Fonte: site do UOL

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Boina Azul: um sentimento passado de pai para filho

A participação em uma Missão de Paz das Nações Unidas é uma experiência profissional e de vida sem igual. Todo veterano de missão sabe do que eu estou falando. Não interessa em qual missão ou em qual continente o policial desenvolveu suas atribuições de United Police - UNPOL, nem se ele participou de uma ou mais missões. O certo é que a participação, por si só, já é motivo de realização pessoal e de orgulho para familiares, amigos e colegas de farda. Imagine então se esta experiência fosse vivenciada por pai e filho, ambos Oficiais da Polícia Militar, em épocas diferentes. Pois foi exatamente isto que ocorreu na Polícia Militar do Distrito Federal - PMDF.
Pai e filho vivenciaram esta experiência, um na ONUMOZ e outro na MINUSTAH. Esta história começa em novembro de 1993 quando o então Capitão Sérgio Carrera se apresentou, juntamente com outros Oficiais, para o período de 12 meses de serviço na Missão de Paz da ONU em Moçambique - ONUMOZ. Seu período de treinamento inicial - Induction Training - ocorreu no QG da ONU em Maputo, capital moçambicana como podemos ver na foto abaixo, onde o Cap Sérgio Carrera é o primeiro na esquerda:

Durante sua estada em Moçambique o Capitão Sérgio Carrera desenvolveu várias atividades importantes como UNPOL, conforme podemos verificar nas fotos a seguir onde o oficial aparece durante negociação com autoridades locais e, na segunda foto, atuando como intérprete durante visita do Comandante Geral da Polícia da Suécia a uma delegacia policial moçambicana:Imagino como deve ter ficado orgulhoso o agora TCel RR Sérgio Carrera quando seu filho foi aprovado no processo seletivo do COTER e designado para compor a Missão de Paz da ONU no Haiti em 2007. Pois foi assim, dando continuidade à tradição iniciada pelo pai, que o então 1º Tenente Carrera se apresentou em Porto Príncipe em dezembro de 2006 para exercer as funções de UNPOL. Tive a oportunidade de conviver diariamente com o Carrera por seis meses em Porto Príncipe. Acompanhei o seu trabalho dedicado e qualificado junto à Diretoria de Operações da MINUSTAH, onde chegou, por seus méritos, a exercer a função de Diretor interino. Abaixo algumas fotos do Carrera no Haiti. Na primeira podemos vizualizar um contato mantido em um posto de fiscalização do exército da Bolívia na Rota Nacional 01. A segunda mostra a reunião para o desencadeamento de uma operação policial na periferia de Porto Príncipe. Na última, podemos ter uma visão da favela de Cité Soleil, nesta foto aparece também o TCel Braga da Polícia Militar do Pará -PMPA, o qual era o Chefe de Contingente dos brasileiros em 2007. Tradição de pai para filho...não é à toa que o Capitão Carrera se tornou uma referência a nível nacional quando o tema abordado é o "Serviço Policial em Missões de Paz", pois o assunto, como pudemos constatar, já fazia parte das conversas em família havia muito tempo.

Parabéns à família Carrera!

sábado, 3 de julho de 2010

A paixão haitiana pelo futebol

No período em que estive na missão de paz da ONU no Haiti, entre outras questões culturais, me chamou a atenção a paixão dos haitianos pelo futebol. E o fato curioso é a rivalidade existente entre duas grandes torcidas. Sim, no Haiti ou você torce pelo Brasil ou você torce pela Argentina. A França, devido à colonização, aparece apenas como segunda opção, é impressionante. Podemos comparar esta rivalidade com a existente entre torcidas brasileiras como as de Grêmio e Internacional, Flamengo e Vasco, Corinthians e São Paulo, Figueirense e Avaí, Atlético e Coritiba, Atlético e Cruzeiro, Remo e Paysandu, entre outras. Bom, para os amantes do futebol dá para ter uma idéia da situação. Não foi à toa que o Presidente Lula levou a seleção brasileira para jogar um amistoso com o selecionado haitiano em Porto Príncipe em 2004.
Durante meu período de missão, o segundo mês coincidiu com a realização da Copa América, da qual o Brasil sagrou-se campeão justamente contra a Argentina, vencendo a final por 3 x 0. Impressionou-me a decoração das ruas da capital haitiana com bandeiras brasileiras e argentinas, como na foto abaixo tirada na Rua Delmas, um dos principais eixos de ligação entre a parte alta e o centro de Porto Príncipe. Embora a foto tenha sido tirada do interior da viatura, pode-se visualizar com nitidez as cores verde e amarela nas bandeirinhas bem como uma bandeira brasileira hasteada no canteiro central da pista.
Também era fácil encontrar nas esquinas ambulantes vendendo camisetas e bandeiras das duas seleções, como na foto abaixo.
Quando havia um jogo o país praticamente parava, assim com ocorre aqui no Brasil. No entanto, no Haiti existe um problema sério de energia elétrica, pois como o país não produz energia suficiente, eram poucas as horas do dia em que a população tinha “luz”, somente cerca de 5 a 7 horas diárias. Após esse período, apenas quem tinha gerador podia, por exemplo, assistir a uma partida de futebol. A conseqüência disso era uma multidão de pessoas em volta de poucas televisões de 14 ou 20 polegadas em locais públicos como bares e restaurantes. Lembro que o fanatismo pelo futebol brasileiro e argentino chegava a situações extremas de, por exemplo, um haitiano ter perdido sua casa ao apostar que a Argentina seria campeã. Ou outra história contada pelos funcionários haitianos da ONU de que um haitiano havia, em outra ocasião, apostado a sua esposa. Prefiro pensar que esta última faz parte apenas do folclore do futebol haitiano, pois para mim beira à loucura.
São por estas e outras histórias que as notícias que li hoje pela manhã no site da Globo.com, embora trágicas, não me surpreenderam. Ontem, após o término do jogo do Brasil pelo menos 4 pessoas morreram. Um torcedor teve um ataque cardíaco em Petion Ville e outros três cometeram suicídio. Um dos casos foi o de um jovem haitiano de 18 anos o qual não assimilou a eliminação da seleção canarinho e se suicidou jogando-se embaixo de um veículo próximo ao local onde assistia a partida no bairro Nérette.
Não esqueçamos que futebol é apenas um esporte, daqui 4 anos tem de novo. Espero que tenhamos mais sorte em 2014!

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Tenente do Paraná foi designado para a missão de paz no Sudão

Em breve o contingente policial brasileiro na Missão de Paz da ONU no Sudão – UNMIS – receberá reforço. Trata-se do 2º Tenente Allan Paulo Bassaco Sacchelli da Polícia Militar do Estado do Paraná - PMPR, o qual serve atualmente no 10º Batalhão de Polícia Militar na cidade de Apucarana. O Tenente Sacchelli deverá embarcar ainda neste mês de julho para o país africano, onde se juntará ao Capitão Emerson – PMSC – e ao Tenente Mello – PMESP – na missão de treinamento dos policiais sudaneses, conforme informação dada no post anterior.
O Tenente Sacchelli fez parte do grupo de oito Oficiais que concluiu o curso preparatório no Centro de Instrução de Operações de Paz “Sérgio Vieira de Mello” – CIOPaz – no Rio de Janeiro (foto acima) no final do mês de maio. Foram 186 horas de treinamento durante o período de 30 dias onde os oficiais receberam as mais diversas informações a respeito de uma operação de paz. Entre as matérias ministradas no curso estão noções sobre a estrutura da Nações Unidas, condução de viatura 4x4 em terrenos acidentados, noções de rádio comunicação, primeiros socorros (foto abaixo), missão da UNPOL, armamento e tiro, bem como instrução especializada sobre minas terrestres. Campos minados fazem parte das mazelas existentes em muitos países em que a ONU se faz presente, tanto que existe dentro da estrutura do DPKO (Department of Peacekeeping Operations) uma unidade específica para a questão de desminagem.
Dos oito Oficiais que concluíram o curso no Rio de Janeiro apenas o Tenente Sacchelli foi designado para a missão no Sudão, seis Oficiais já embarcaram para o Timor Leste e outro Oficial do Paraná, o 2º Tenente Leandro de Azevedo Thereza, foi designado para a missão no Haiti.
Em recente entrevista o jornal Tribuna do Norte, o Tenente Sacchelli falou sobre suas expectativas com respeito ao trabalho a ser desenvolvido no Sudão:
sei que o Sudão vive uma guerra entre a região sul e norte. Mas, será algo inédito para mim, já que é a primeira vez que represento o Estado em uma missão como esta. Vou poder ajudar outras pessoas e conhecer uma nova cultura”.

Fonte: site do jornal Tribuna do Norte