domingo, 22 de abril de 2012

Timor Leste: Capitão Átila envia relato da Missão


“Missão de paz no Timor Leste Nossa missão de paz se chama UNMIT - Missão Integrada das Nações Unidas no Timor Leste e trabalhamos na UNPOL, a Policia das Nações Unidas. Tivemos a satisfação de realizar a mesma seleção junto com o Capitão Marco Antônio dos Santos Moraes, idealizador desta brilhante idéia, que vem divulgando com muita competência o trabalho dos oficiais brasileiros junto a missões de paz em diversos países. Fomos chamados juntamente com o Capitão Laudemir da Rosa Gomes, que por problemas burocráticos, não conseguiu completar a tempo a extensa documentação que se nos fora exigida e aguarda nova autorização para viagem. Viajamos com o Tenente Adriano Marcel, da PMCE, no dia 01 de março, chegando ao Timor Leste no dia 03.

Avançamos exatamente 12 horas em relação ao Brasil. Saímos Porto Alegre, passando por Guarulhos/SP, embarcando para Johanesburgo, África do Sul, durante mais nove horas. A velocidade de cruzeiro de um vôo comercial normalmente se mantém em torno de 930 km/h a uma altitude de 39.000 pés. A temperatura externa chegou a -45 graus Celsius. O primeiro vôo internacional (Boing 777) saiu de Guarulhos para percorrer 7.439 km ate Johanesburgo em 9 horas. Chegando na África, tivemos poucas horas para um novo vôo, com destino a Singapura, na Malásia. Voamos mais onze horas sem escalas. De lá fomos para Singapura (Airbus), voando durante 10 horas 5.300 milhas - ou perto de 8.500 km. A visão do alto é impressionante. Um superporto aguarda quase 200 embarcações atracarem, com verdadeiro congestionamento marítimo. Além dos enormes prédios e instalações. Um aeroporto gigante, moderno e incrivelmente limpo e organizado. Finalmente, com duas horas para pegar visto e novo embarque no próximo vôo, partimos para Dili, com um Airbus A320. Voamos durante mais 4 horas e 3.500 km, totalizando aproximadamente dois dias e meio de vôos quase diretos. Viajamos quase 19.500 km. Chegamos no Aeroporto de Comoro no dia 03, aproximadamente as cinco da tarde. Fomos recebidos pelos oficiais da Missão, liderados pelo nosso Contingent Commander, Sr. Coronel Edilson Rodrigues, da PMDF, acompanhado do Tenente-coronel Valdemir dos Santos e de outros oficiais que atuam em Dili, todos muito solícitos e companheiros.

Vencida a fase da documentação na chegada, do treinamento inicial de duas semanas, dos testes de idioma, manejo de arma de fogo e condução de viatura 4x4, fomos designados para nossos novos locais de trabalho. O Tenente Marcel optou pelo distrito de Covalima, cuja sede eh Suai, no oeste e fui designado para Baucau, cuja sede tem o mesmo nome. 
Trabalhamos em uma estrutura muito semelhante a de um batalhão, com o comando e seu estafe e as equipes de monitoramento da PNTL - Policia Nacional do Timor Leste, que se encontra em fase final de acompanhamento. Encontramos na Missão UNPOLS (policiais) de 41 países e com diversas culturas, que uniram esforços prestar apoio a este país belo e montanhoso, emprestando experiência e auxilio no treinamento e autonomia das forcas de segurança do Timor Leste. Tudo é conversado em inglês com os colegas de patrulha, nosso primeiro trabalho na missão para todos, são estrangeiros. Registramos que foi realmente providencial o elevado nível de exigência feito pela 3a seção da IGPM/COTER, pois no começo a adaptação com o estilo/sotaque britânico foi bastante difícil. Para nos é uma satisfação poder representar nossa Pátria, nossos Estados e nossas Corporações Policiais Militares, cônscios de nossas muitas responsabilidades, com elevada fé na Missão, pelo que ela representa para o povo desta bela nação.”

quarta-feira, 18 de abril de 2012

UNMISS: Chegada em Akobo e estrutura da base

Na última quinta-feira iniciamos, eu e o Capitão Jonas – PMSC , nossa viagem de Juba rumo a Akobo, nosso posto de trabalho pelos próximos 3 meses aqui no Sudão do Sul. Viajamos em um helicóptero russo de transporte de pessoal que é o transporte padrão da ONU aqui na United Nations Mission in south Sudan – UNMISS. Existem vôos de asa fixa somente entre as maiores cidades, como Juba , Wau e Malakal. Na foto abaixo está o Capitão Jonas no momento do embarque em Juba.


Durante este deslocamento tivemos que fazer uma escala de um dia em Bor, capital do Estado de Jonglei, onde está localizada a cidade de Akobo, para fins de procedimentos burocráticos e os últimos briefings sobre a segurança na região da fronteira com a Etiópia. A base da ONU em Bor está ainda em construção, mas oferece todo o conforto necessário para o bom desempenho da missão. Na área interna da base encontramos um restaurante e uma cafeteria, bem como uma ala de contêiners de moradia. Existem também alguns conteiners de trânsito, como o que ficamos hospedados. Muito embora seja coletivo, tem ar condicionado e boa proteção contra os mosquitos.


No dia seguinte, sexta-feira 13 de abril (data sugestiva para chegar a Akobo, como diria Zagallo: foi nosso dia de sorte!). A primeira visão de Akobo foi realmente impressionante, por todos os lugares em que andamos vimos casas de alvenaria e também as casa de barro e palha chamadas de Tukul. No entanto, aqui em Akobo, toda a cidade é feita de Tukul. Cerca de 5.000 pessoas vivendo em Tukuls, muitos cozinhando e dormindo ao relento dependendo o número de membros da família, pois o espaço interno dos Tukuls não é muito grande. Foto abaixo ( a qualidade da foto não é boa, pois tive que tirar uma foto do vídeo que fiz da chegada, mas da para ter uma idéia do que estou falando).
Chegamos enfim ao County Base Support – CSB – como são denominadas as bases da ONU em municípios pequenos do interior como akobo. A base não é muito grande, fica situada na principal rua da cidade. Tem uma área de no máximo 3.600 metros quadrados (60 X 60 m) que abriga 07 Barracas. Destas, 02 são para UNPOLs; 01 Barraca para alguns engenheiros civis da ONU os quais estão com a responsabilidade de construir uma nova base aqui em Akobo, mais ampla e com conteiners de moradia; e 04 Barracas para militares do Exército da Índia, os quais são responsáveis pela nossa segurança. Dentro da base temos também 03 geradores que fornecem a energia elétrica necessária para cozinharmos, ligarmos o ar condicionado da barraca e ventiladores, bem como utilizarmos os nossos laptops. Por motivo de economia de combustível, os geradores são desligados das 09hs ao meio-dia, e das 15hs às 18:30 hs. Temos estrutura sanitária com 03 banheiros com vaso e chuveiro. No entanto, não possuímos caixa d`água em cima impossibilitando o uso da descarga e dos chuveiros. A descarga é um balde com água e o banho também é de “caneca”. O fator positivo disto tudo é que se morássemos em conteiners a ONU nos cobraria um aluguel de 630 dólares mensais. Já das Barracas não é cobrado nenhum valor.
Fomos muito bem recebidos pela equipe de UNPOLs que já estava em Akobo: 02 policiais da Bósnia; 02 de Uganda; 02 das Filipinas; 01 da Turquia; 01 de Gâmbia e 01 da Zâmbia. Bem como pelos militares da companhia do Exército indiano.

Nossa internet aqui é particular, cada um teve que comprar um modem de uma companhia telefônica do Sudão, pois a internet disponibilizada pela ONU somente acessa a intranet da missão. Por isso nossa velocidade de conexão de internet é muito baixa, impossibilitando uma atualização mais constante das nossas atividades aqui em Akobo.
nas próximas postagens começarei a mostrar um pouco do trabalho UNPOL aqui no CSB Akobo, bem como a características e peculiaridades do povo sul-sudanês.

sábado, 7 de abril de 2012

UNMISS: Concluímos a segunda semana de treinamento e recebemos o Deployment

Chegamos em Juba, capital do Sudão do Sul, na última segunda-feira e iniciamos os procedimentos burocráticos de check-in na missão. Aqui nós realizamos a segunda parte do Induction Training, com instruções mais específicas sobre a missão no terreno. As aulas foram realizadas juntamente com militares e civis que estão chegando na missão. O grupo era dividido sempre que os assuntos eram atinentes especificamente a cada grupo.

Nesta semana também realizamos o teste de direção, o qual foi bem mais fácil do que se desenhava a princípio. Primeiramente porque, ao contrário do que nos informaram em Entebbe, a mão de direção aqui não é a mão inglesa, muito embora se encontre dezenas de veículos nas ruas com o volante no lado direito. Tivemos que realizar somente uma manobra de garagem e controle da viatura em uma pequeno aclive (parada e arrancada) usando apenas o acelerador e a embreagem (procedimento errado para os padrões brasileiros) e, para finalizar, um deslocamento em uma rodovia próxima à base da ONU. Todos os brasileiros foram aprovados. Realizamos o teste junto com um contingente de policiais da Malásia, os quais dirigem em mão inglesa em seu país, sendo que dois deles foram reprovados. Eles terão mais duas oportunidades para fazer o teste. Caso não sejam aprovados, segundo palestra que tivemos com a Police Commissioner, poderá ser analisada a repatriação.


Não seremos submetidos ao teste de idioma, não nos disseram o por quê, e logicamente também não perguntamos. Como disse o TCel Eliano - PMAL, nosso Comandante de Contingente, na verdade estamos sendo testados no idioma desde a nossa chegada a Entebbe na semana passada. Pois acostumar o ouvido ao sotaque do inglês britânico falado pelos países africanos e asiáticos tem sido nossa missão diariamente aqui.
Nesta primeira semana no Sudão do Sul recebemos o suporte vital dos militares brasileiros sediados em Juba. São eles o TCel Murga, o Cap Daniel, o Cap Mattos (ambos do Exército brasileiro) e o Cap Vianna (da FAB). Eles gentilmente se ofereceram para nos receber em seus próprios conteiners, pois não havia vagas disponíveis nos alojamentos destinados para o pessoal em trânsito na base de Juba. Teríamos que deslocar para hotéis fora da base com diárias de, no mínimo, 50 dólares. Na foto abaixo podemos ver o conteiner onde estou alojado com o Cap Vianna. Fica próximo aos conteiners destinados aos escritórios e salas de aula e distante uns 10 a 15 minutos de caminhada até o outro complexo de conteiners onde está o restante do contingente policial. O conteiner é projetado para alojar uma pessoa, com ar condicionado, cama, roupeiro, mesa, estante e cadeira. Morar em conteiner é opcional, mas caso o UNPOL (militar e civil também) opte em residir dentro da base, a ONU desconta 21 dólares por dia das diárias, ou seja, o aluguel do conteiner sai por 630 dólares.
Ontem recebi minha designação (deployment). Eu e o Capitão Jonas - PMSC - iremos para Akobo, cidade de um Estado localizado no leste do país, próximo à fronteira com a Etiópia. Hoje assinamos o nosso MOP (Movement of Personnel) que é o requerimento de viagem, sendo que nosso voo está previsto para a próxima quinta-feira. Até lá ficaremos aqui na sede, em condições e uniformizados, das 08 hs às 16 hs, mas sem muito o que fazer.