segunda-feira, 31 de maio de 2010

Dia do Boina Azul: Homenagem ao TCel Franco e TCel Zazyck

No último dia 29 de maio a ONU comemorou o Dia Internacional do Boina Azul. Neste ano a mensagem do Secretário Geral das Nações Unidas, Ban Ki Moon, homenageou a todos os homens e mulheres que perderam suas vidas a serviço da paz. Em especial, Ban Ki Moon homenageou aos Boinas Azuis que pereceram no Haiti em decorrência do Terremoto de janeiro. Esta foi a maior tragédia da história das Operações de Paz, contou com mais de 90 baixas entre os integrantes da MINUSTAH.
Para nós gaúchos, este também foi um dia para relembrar dois veteranos Boinas Azuis da Brigada Militar, TCel Franco e TCel Zazyck, os quais infelizmente perderam a vida prematuramente em um acidente de trânsito justamente no dia 29 de maio do ano passado, quando estavam em deslocamento do interior do Estado para Porto Alegre onde seriam homenageados pelo Comando Geral na Academia de Polícia Militar em solenidade alusiva ao Dia Internacional dos Boinas Azuis. Na época ainda não escrevia este blog, mas o Capitão Sérgio Carrera noticiou o fato no blog Missão de Paz.

Ambos estiveram na Missão de Paz da ONU em El Salvador entre junho de 1993 e junho de 1994. O TCel Franco (foto acima no dia do medal parade) trabalhou, em um primeiro momento, na cidade de Chalatenango, uma das quais fora base da Guerrilha. Sua missão era a de ajudar na reestruturação da Nova Polícia a ser criada no pós guerra civil, a PNC- Polícia Nacional Civil de El Salvador. Após alguns meses foi removido para a cidade de Santana, a 2ª maior do país,a fim de integrar a Unidade de Direitos Humanos, cuja finalidade era a de investigar o descumprimento dos acordos de paz e os crimes cometidos,tanto por parte de guerrilha como por parte das forças governistas. Em um dos e-mails que o TCel Franco me enviou nas semanas que antecederam ao acidente, ele destacou "É importante ressaltar que, nessas ocasiões, haviam grandes riscos, uma vez que, estávamos “ metendo a mão em cumbuca...”. Após sua aposentadoria, em 2004, o TCel Franco dedicou-se à política, tendo sido Presidente da Câmara de Vereadores de sua cidade natal, Lavras do Sul. Também dedicou parte de seu tempo para escrever crônicas para um jornal local. Entre seus textos já publicados, ele havia me enviado dois, nos quais ele escreve sobre o período em que esteve a serviço da ONU. Através dos textos podemos ter uma idéia de como eram as missões de paz naquela época. Realmente eram outros tempos! Abaixo transcrevo o primeiro texto.
"Vivências....
Nos anos de 1993 e 94, este que semanalmente vos escreve, participou de uma missão de paz da ONU, na América Central, em El Salvador. Aquele país passava por um período de redemocratização, depois de uma violenta guerra civil que durou mais de 12 anos, onde morreram mais de 70.000 pessoas, ficando outras tantas mutiladas. Intermediados pelas Nações Unidas, governo e guerrilha assinaram Tratados de Paz, os quais eram fiscalizados pelos observadores. Parte dos referidos tratados determinava que milhares de combatentes, tanto das Forças Armadas, como da guerrilha – Frente Farabundo Martin para Libertação Nacional – FMLN, fosse desmobilizada. Aconteceu que aqueles contingentes, de repente perderam o emprego, porém, resultaram armados, diga-se de passagem, “até os dentes”. Começaram então, clandestinamente, a matarem os seus desafetos, bem como a cometerem assaltos, pois não tinham outra forma de sobreviver. Esqueceram as autoridades daquele país deste pequeno detalhe, quando resolveram restaurar a paz. Nossa missão, apesar da situação de risco, era desarmada; tínhamos que valer-nos do diálogo para resolver qualquer questão. Nosso comandante era um General Uruguaio, mucho buena gente, chamado Homero Vaz, cuja família era de Rio Branco, no Uruguai, mas nascido em Jaguarão, no Brasil, o que fazia com que nos tratasse como irmãos em uma Força Tarefa composta por Policiais e Militares de vários países. Pois, de uma feita, realizávamos uma Patrulha por uma “Carretera” quando, ao final de um túnel verificamos uma barreira, construída com paus e pedras. Não constava em nossos controles tal barreira. Homens fortemente armados barravam a passagem dos veículos. Logo vimos de que se tratava de um assalto, tão comum por aquelas bandas. Não podíamos voltar. Pararam nosso veículo, mandaram que descêssemos, com Fuzis AK-47 apontados para nós. Eu, que dois anos antes já havia passado por uma situação semelhante, sendo seqüestrado e torturado ( diga-se de passagem por irmãos da FMLN, aqui no Brasil, o MST), logicamente estava bastante apreensivo, porém, não adotava qualquer atitude, uma vez que estava acompanhando o General. Apenas o observava, com receio e, sobretudo, curioso para ver o desfecho. Depois de alguns minutos de silêncio, tal a perplexidade de ambas as partes, visto que nós não esperávamos ser assaltados por tais bandos, e eles por sua vez, ex combatentes, talvez também não esperassem abordar um veículo da ONU, em que estivesse um General. Então de repente, com a voz grave que tinha, disse o Oficial: “ Sus mierdas, bajem sus armas y deje-nos passar, despues cerrem la carretera y continuem com los assaltos”. Pois, como se fossem subordinados, disciplinadamente cumpriram a “ordem”. Seguimos em frente; claro que logo após, o General determinou que tropas regulares fossem até o local para desarticular o bando. Mas, tenho a dizer: “Que foi um cagaço, ah isto foi!” Mas, ao mesmo tempo, pensei com meus botões sobre a atitude do Comandante: “ vivendo e aprendendo!”. No primeiro boteco em que passamos chegamos para“ mojar la palabra”, ou seja, tomar uma pinga para acalmar os nervos, pois afinal de contas ninguém é de ferro.
João Francisco Franco
Colaborador"
Abaixo podemos ver parte do contingente de Oficiais da Brigada Militar que integrava a UNOSAL em 1994, todos capitães na época, no dia do recebimento da medalha da ONU. O senhor em primeiro plano é o General uruguaio a que o TCel Franco se referiu em seu texto. Na foto podemos vizualizar (da esq. para dir.) o Cap Prates - (Ex-chefe da Casa Militar), cap Neibson, Cap Ferreira (ex-Cmt da Força Nacional de Segurança Pública), Cap Prola, Cap Gastão Viegas, Cap Zazycki e o Cap Franco.Ao TCel Zazyck e ao TCel Franco o nosso respeito e nossa homenagem!

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Armamento: História Nova e Problema Antigo


O contingente policial brasileiro que esteve no Timor Leste nos últimos 12 meses já está em solo brasileiro. O retorno para casa, além de cansativo pelo número de dias de viagens e conexões aéreas, foi "coroado" na chegada ao Brasil com some problems com a Receita Federal no quesito: Transporte do Armamento e munições. Bom, a leitura do excelente texto publicado pelo Capitão Vilaça (foto) em seu blog (link na coluna à direita), o qual me permito publicar abaixo, trás a idéia do sentimento de um brasileiro ao chegar em seu país após um ano trabalhando "no outro lado do mundo". É uma história nova, mas com um problema muito antigo.
"É aquela velha história: “o bom filho à casa torna” e, depois de 371 dias distante de casa, finalmente, voltei.
Muita gente pode dizer que um ano (e seis dias) passa rápido, mas pergunta lá em casa pra ver… A coisa pareceu uma eternidade. Não é fácil se aventurar sozinho em um país distante, recém-saído de um período de conflitos, com uma infraestrutura pra lá de precária e tão longe que, como já contei anteriormente, devido às 12 horas de diferença no fuso horário, fazia com que eu estivesse dormindo enquanto vocês almoçavam, e vice-versa.
Mas, como disse o Júlio César, que não é o goleiro da seleção do Dunga: “vim, vi e venci”, e, se não venci, ao menos empatei. O importante é que tenho a consciência de que dei o meu melhor e escrevi o meu nome na história de um país em reconstrução.
A experiência em si foi fantástica. Tive a oportunidade de conhecer pessoas de várias partes do mundo, suas línguas, diferentes culturas e costumes, religiões, crenças, vestuário, comidas e muitas outras coisas que, quando muito, eu via apenas no cinema.
No pouco tempo livre, além de escrever crônicas para o Blog, aproveitei para viajar a países que eu nunca havia pensado em ir, pedalei bastante, comecei a mergulhar e fiz alguns amigos. Ainda assim, sempre senti muita falta de tudo que deixei no Brasil quando parti.
Deixando tudo bem claro, e antes que me venham perguntar: sim, a experiência valeu a pena, mas nem voltei com uma promoção nos ombros e tampouco rico, ou seja, quem estiver pensando em pedir empréstimo, esqueça! Por outro lado, se tiver alguma grana sobrando e uma taxa de juros simpática para os amigos, meu telefone é o mesmo e eu prometo que pago em dia.
Voltando à conversa, a missão da ONU era um sonho que eu tinha desde os tempos de Academia e, enfim, consegui realizar. Quem acompanhava as minhas crônicas pôde ter idéia do que eu passava, do meu dia a dia, das cenas pitorescas do cotidiano e de tudo o mais que, no último dia 8 de maio, chegou ao fim.
A viagem de volta foi longa: 3 dias, 6 aeroportos, 5 aeronaves, 3 companhias aéreas e incontáveis passagens por aquelas esteiras, detectores e raios-X. Tudo estava correndo muito bem, em que pese o cansaço, até que chegamos a São Paulo… bom, como era de se esperar, estávamos voltando ao Brasil, após a missão no Timor Leste, e trazíamos as nossas armas, com toda a documentação que nos autorizou a sair do país com elas no ano passado e que, na minha lógica mais básica, nos justificaria e acobertaria a trazê-las de volta, certo? Errado! Os “atenciosíssimos” funcionários da Receita Federal (todos com aqueles distintivos de policial americano escrito: “CUSTOMS”), resolveram que, se podiam complicar, pra que ajudar? Pediram originais de documentos que só nos forneceram cópias e inventaram formulários e autorizações que nunca havíamos ouvido falar.
Aí, imaginem a cena: esgotados por toda a viagem, querendo ficar felizes por estar chegando em casa, e nos acontece uma dessas… o pior, mas que tenho que dizer, é que fomos muito melhor tratados lá fora, mesmo carregando armas na bagagem em países com histórico de ataques terroristas e tudo o mais.
Tentamos argumentar, mostramos os papéis que comprovavam que saímos com as armas, que as armas pertenciam aos nossos respectivos estados e até mesmo um comprovante da própria Receita Federal… nada os fez mudar de idéia.
Não vou mentir, a vontade era de xingar o imbecil e mandar ele enfiar as pistolas no… bom, onde ele achasse que coubessem. Os outros ainda quiseram ficar discutindo, mas eu os convenci de que o melhor era seguirmos o resto de nossa viagem e documentar tudo para resolver pelos canais oficiais, quem errou ou nos orientou mal, que assuma as suas falhas.
Particularmente, não via a hora de entrar no último avião daquela jornada, pois estava doido para abraçar a família e os amigos que eu sabia que me esperavam no Aeroporto Internacional Gilberto Freyre. Corria para o novo check-in e, faltando cinco minutos para a uma da manhã do dia 11 de maio de 2010, eu já estava abraçando meus filhos novamente.
No dia seguinte, botei o currículo debaixo do braço e fui ao Quartel do Comando Geral para “pedir emprego”, fui bem recebido e, na hora do almoço, estava numa mesa grande, rodeada de colegas de trabalho interessados em ouvir algumas histórias.
E é isso… estou tentando reencontrar à rotina de antes. A primeira barreira vencida foi a da diferença de horário, agora estou voltando a escrever meus textos e espero ainda contar com a paciência de vocês para lê-los. Novas viagens a trabalho? Segundo a chefe de administração doméstica: “nem tão cedo, mocinho… nem tão cedo…”.
Do Brasil, com carinho,
Gus
Recife-PE, 23/05/10"

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Vídeo: Operação Policial no Haiti

O serviço policial em uma Missão de Paz difere de uma missão para outra, em síntese, depende do tipo de mandato atribuído pelo Conselho de Segurança. No caso do Haiti, o mandato atribuído à UNPOL é de monitoramento e aconselhamento técnico (Technical Adviser), ou seja, os policiais da ONU não possuem poder pleno de polícia. O trabalho consiste em apoiar a Polícia Nacional do Haiti -PNH- no planejamento e execução das atividades nas mais diversas áreas de atuação policial tais como trânsito, polícia judiciária, polícia marítima, policiamento ostensivo em geral, controle de tumultos e operações policiais, entre outros.
Os leitores mais assíduos do blog tem conhecimento de que os policiais brasileiros criaram uma tradição de trabalho na Diretoria de Operações da MINUSTAH, a qual é responsável por todas as operações policiais conjuntas (UNPOL, PNH e Militares) no território haitiano.
No vídeo abaixo podemos verificar na prática esta atuação em uma operação policial na favela de Cité Soleil, a qual tinha por objetivo a prisão de foragidos da Penitenciária Nacional. Em um primeiro momento as imagens mostram a reunião preparatória onde os UNPOLs (India, Espanha, Sérvia, Brasil, entre outros) e policiais hatianos (uniforme marrom identifica a equipe da SWAT haitiana) traçam as diretrizes da operação e estudam o terreno através de um mapa atualizado da área fornecido pela unidade de mapeamento da própria ONU. Logo após são vistas imagens da atuação na favela (UNPOLs espanhóis com uniforme verde). O Capitão Algenor -PMAM - um dos coordenadores da operação aparece dando uma entrevista à imprensa explicando que a ONU estava presente na favela naquele dia em virtude de uma solicitação de apoio da Polícia Nacional Haitiana. Podemos verificar claramente que as abordagens, revistas e eventuais prisões são efetuadas pelos policiais haitianos, cabendo aos UNPOLs o apoio em força e a coordenação da operação. Ao final aparece o Inspetor respondável pela Comissaria de Cité Soleil, o qual explica, em creóle, que a localidade de Boston foi escolhida para desencadear a operação por ter se tornado um local de esconderijo para muitos foragidos da justiça após o caos instalado em Porto Príncipe em virtude do terremoto de janeiro passado.
Acredito que as imagens respondem a uma pergunta que me fazem constantemente: Qual é o trabalho da polícia no Haiti? Vocês atuam auxiliando o exército?
O vídeo é bastante ilustrativo: Polícia executa serviço de polícia.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Guiné Bissau envia 07 UNPOLs para integrar a MINUSTAH


Aos policiais que já tiveram a oportunidade de integrar uma missão das Nações Unidas este tema não é novidade. No entanto, os que ainda não passaram por esta experiência profissional não podem dimensionar a complexidade de uma Peacekeeping Operation. As ações da ONU, na maioria das vezes, ultrapassam o próprio período de missão e são tomadas justamente para demonstrar à comunidade internacional o sucesso alcançado pela Missão de Paz e a consequente inserção ou reinserção no seio da comunidade de nações de uma nação renascida no pós-conflito.
Seguindo esta política, o representante do Secretário Geral da ONU na Missão das Nações Unidas na Guiné Bissau, Joseph Mutoba (foto), anunciou na última sexta-feira que sete policiais daquele país africano passarão a integrar o efetivo da UNPOL da Missão de Paz da ONU no Haiti - MINUSTAH.
Este procedimento de integração não só de policiais mas de funcionários civis é bastante comum na ONU. Quando estive no Haiti, por exemplo, conheci UNPOLs da Costa do Marfim e do Chad, dois países onde atualmente estão em andamento missões das Nações Unidas. Esta é uma forma de prestação de contas aos países contribuintes, uma maneira de demonstrar que o trabalho desenvolvido na área de segurança pública deu resultados positivos ao ponto de policiais locais estarem aptos a prestar a sua ajuda a outros países.
No discurso proferido na cerimônia de despedida dos policiais, Joseph Mutoba lembrou que a Guiné-Bissau tem recebido a solidariedade dos outros países e agora é a vez de os guineenses também retribuírem, numa operação onde vão encontrar agentes de várias nacionalidades. Mutoba destacou que:
“...os sete agentes são os embaixadores da Guiné-Bissau, cuja missão é também mostrar ao mundo que a Guiné-Bissau faz parte da comunidade internacional. São os embaixadores especiais da Guiné-Bissau e das Nações Unidas, vão lá encontrar gente de várias nacionalidades, têm que saber dar e receber. Foram escolhidos porque são capazes de representar o país, a vossa Nação com competência".
E o ciclo se completa...
Fonte: site Angola Press

DPKO seleciona Oficiais superiores para Trabalho em Nova York

O Departamento de Operações de Paz das Nações Unidas (DPKO) está selecionando Policiais brasileiros para trabalhar na sede do departamento em Nova York. São vagas são para Oficiais Superiores, sendo doze vagas para o posto de Tenente Coronel e vagas cinco vagas para o posto de Major.
Esta missão tem algumas características que a diferenciam das demais, pois o tempo de permanência em Nova York é de dois anos, bem como a missão tida como "familiar", ou seja, o policial pode ser acompanhado da família durante toda sua estada nos Estados Unidos.
A PMDF já tornou público para os seus Oficiais o edital para o processo seletivo. As inscrições devem ser feitas até o dia 30 de junho. Maiores informações a respeito dos cargos e dos requisitos do certame podem ser encontrados no blog Missão de Paz, do Capitão PMDF Sérgio Carrera.

sábado, 22 de maio de 2010

Capitão Emerson - PMSC - envia relato sobre a missão no Sudão

Passados quase 90 dias da chegada ao Sudão o Capitão Emerson Fernandes, da PMSC, nos enviou um relato sobre as atividades exercidas por ele e pelo Tenente PMESP Mello na Missão de Paz da ONU no Sudão - UNMIS. Além disso, o texto também explica os motivos da missão, bem como a diferença entre a UNMIS e a missão em Darfur.
"UNPOLS BRASILEIROS NO SUDÃO – UNMIS 2010/2011
Chegamos em solo Sudanês no dia 09 de março de 2010, mais de três meses depois de realizar a entrevista por telefone, última etapa do processo seletivo, que foi no dia 06 de dezembro de 2009 e 3 meses depois do check-out dos três brasileiros que aqui estavam, Maj PMERJ Silva, Ten PMSP Bruno e Ten PMMT Menin, que deixaram o Sudão no dia 10 de dezembro de 2009. Pois bem.
Com a estimada ajuda do Maj Silva, com quem mantivemos contato um bom tempo antes de chegar, já tínhamos certa noção das atividades que rolavam por aqui. Aportamos no Sudão em apenas dois Oficiais, eu, Capitão PMSC Emerson Fernandes e o 1º Tenente PMESP Carlos Alberto Mello e Silva. Éramos pra vir em três brasileiros, substituindo os três que aqui estavam, mas um dos brasileiros que viria conosco acabou reprovando na entrevista por telefone e não veio. Assim que cheguei aqui e obtive esta informação, entrei em contato com o COTER para que eles providenciassem outro Oficial urgente. Ouvi dizer que estava para vir um Tenente do Paraná, mas já estamos há 75 dias aqui e esta informação não se confirmou. Como esta a minha segunda Missão, eu já cansei de falar sobre a nossa representatividade pífia em missões de paz. Quiçá um dia isso mude, tenho bastante esperança nisso. Por isso não vou me aprofundar muito. O fato é que somos em apenas dois policiais, dentre quase 700 de 40 nacionalidades diferentes, e nos constituímos no menor efetivo policial da UNMIS, entre os países contribuintes. E o Brasil ainda quer assento permanente no Conselho de Segurança. O fato é que sempre desempenhamos muito bem a nossa parte. O Maj Silva, que aqui estava, foi Team Site Leader durante praticamente toda a Missão e agora eu e o Mello estamos em uma situação muito confortável, apesar do pouco tempo de Missão.
Após a nossa chegada, realizamos o Check-in e o Induction Training entre os dias 10 e 20 de março e fomos designados para trabalhar no setor II, Team Site WAU, que fica localizado na sede do setor. O setor II é um dos maiores da Missão e o nosso Team Site é o maior do setor e o segundo maior de toda a Missão, com cerca de 25 policiais internacionais (16 equivalentes aos nossos Oficiais, 09 equivalentes aos nossos Praças), 6 Language Assistants e 1 Office Assistant. Chegamos em Wau no dia 21 de março de 2010. WAU é a segunda maior cidade do Sul do Sudão (140 mil hab.) e, como eu já disse, é a sede do Setor II da Missão, que congrega 05 Team Sites em 4 Estados diferentes do Sudão. Como poderá ser visto na figura a seguir, a UNMIS está direcionada inteira para o Sul do Sudão.
Em relação ao exercício das nossas atividades na Missão, chegamos no Team Site e começamos, como todos, a trabalhar na atividade de monitoramento da atividade policial local, aqui chamada de co-location. Co-location nada mais é do que a visita diária aos Distritos policiais na AOR do Team Site para verificar se existem alterações no serviço policial, quantos estão de serviço, qual é a situação dos presos, quais foram as ocorrências nas últimas 24hs, etc... sempre acompanhado de um pequeno briefing de capacitação acerca de um assunto previamente estabelecido. Porém, tanto eu quanto o Mello permanecemos pouquíssimo tempo na atividade de co-location. Para a nossa grata surpresa, ascendemos bastante rápido nas funções aqui. Após dez dias de co-location, eu e o Mello fomos ministrar instrução em um curso de FPU (Riot Control) por dez dias. Com um mês de Team Site, fui convidado para exercer a função de Operations Officer do Team Site, a qual aceitei prontamente, e dez dias depois, o Mello recebeu o convite para ser o Senior Operations Officer do Setor. Atualmente, após 75 dias de Missão, estou exercendo a função de Acting Team Site Leader de Wau (O Team Leader está de CTO) e o Tenente Mello está trabalhando no Setor, já efetivado. Ele só está esperando o check-out do chefe da seção, para, muito provavelmente, assumir a chefia de operações do setor, que é responsável por cinco Team Sites. Ambos fomos convidados para trabalhar na seção de treinamento do setor, e provavelmente ser o Sector Training Coordinator, haja vista que os três policiais que trabalham naquela seção estão saindo nos próximos três meses. Nesse exato momento nossa situação é muito confortável. No mês que vem haverá anúncio para a vaga de Team Site Leader e também para a vaga de Deputy Sector Commander. Eu vou aplicar para Deputy SCD e, se não der certo, posso aceitar o convite de Sector Training Coordinator, enquanto o Mello muito provavelmente será o Senior Sector Ops Officer. Esse é o nosso “Picture” no momento, com menos de três meses de Missão.
Nenhum de nós dois ainda pegou o primeiro CTO. Eu sairei no dia 02 junho, após 84 dias e o Mello ainda esperará um pouco mais. Abaixo publico algumas fotos de nossas atividades “so far”.

Wau - Região do Mercado
Atividades de Training
Acting Team Site Leader
Atividades de Co-location

Acerca da relação entre a Missão de Paz que estamos participando e a Missão de Paz em Darfur, cabem também algumas explicações. O Sudão é o único país do mundo a sediar duas Missões de Paz completamente diferentes e independentes uma da outra. Estão operando no Sudão a UNMIS (United Nations Mission In Sudan), direcionada inteiramente a atender ao Sul do País, devido a um processo de separação que está em curso e cujo período decisivo se dará no mês de Janeiro de 2011, com a realização de um Referendo para decidir se a população do Sul do Sudão quer ou não se separar do Norte. Tudo indica que a população optará pela separação e também tudo indica que ela não será muito pacífica. Mas nós ainda estaremos aqui para ver o que vai acontecer. E tem também a UNAMID (United Nations African Union Mission In Darfur). A UNMIS só opera no Sul do Sudão e a UNAMID só opera em Darfur. A UNMIS está “under chapter six” e a UNAMID está “under chapter seven”. Evidente que a situação em Darfur é bem mais tensa que nas demais regiões do país. Esses seqüestros e inclusive assassinatos de boinas azuis que ocorrem em Darfur com certa freqüência, ainda não presenciamos nenhum por aqui. Mas aqui, apesar de não ser igual à Darfur, as hostilidades em relação aos boinas azuis vem aumentando e furtos e roubos em residências ocupadas por internacionais acontecem com freqüência. A única coisa que liga as duas missões é um escritório de ligação da UNAMID que tem na sede do MHQ da UNMIS em Khartoum, nada mais. Só para exemplificar, não existe a possibilidade de nós sermos deslocados para lá e vice-versa.


Por enquanto acho que era isso. Desculpe a demora. Você tem autorização para publicar tudo o que eu escrevi aqui, assim como as fotos e se por acaso tiver mais alguma dúvida em relação à Missão é só falar, porque admiro o trabalho de divulgação de vocês em prol dos Boinas Azuis brasileiros, mormente os UNPOLs. Mandarei também uma cópia desse documento para o Maj Silva, da PMERJ e para o Sérgio Carrera, da PMDF.
Grande abraço!!
Emerson Fernandes
Capitão PMSC
UNOTIL – 2005/2006 – UNMIS 2010/2011"

sexta-feira, 21 de maio de 2010

United Nations Police Pre-Deployment Course


Está em pleno desenvolvimento desde o dia 17 de maio na Academia de Polícia Militar do Distrito Federal o curso “United Nations Police Pre-Deployment Course". O curso, que é o primeiro desta natureza na américa latina a ser conduzido totalmente no idioma inglês, tem duração de duas semanas e está sendo realizado de maneira conjunta entre a PMDF e o Pearson Peacekeeping Centre do Canadá.
Segundo os organizadores, o curso da UNPOL é iniciado com a introdução às operações de paz complexas e o papel de um oficial da polícia das Nações Unidas. Outros assuntos abordados são: vigilância comunitária, redação de relatórios, o código de conduta das Nações Unidas e o manejo dos grupos vulneráveis, que incluem as mulheres, as crianças, os idosos e os incapacitados.
O United Nations Pre-Deployment Course tem a participação de policiais de 10 países da América Latina: Argentina, Brasil, Chile, Equador, Guatemala, Bolívia, Paraguai, Uruguai, Colômbia e Peru.
Dois Oficiais da PMDF veteranos de missão fazem parte do corpo de instrutores, sendo o T Cel Leonardo Sant'anna (UNOTIL) e o Capitão Sérgio Carrera (MINUSTAH).
A aula inaugural foi realizada no dia 17 de maio de 2010 no auditório do quartel do Comando Geral da PMDF e contou com a presença de autoridades de mais de dez países (fotos).
Entre os alunos brasileiros estão quatro Oficiais da PMDF e quatro Oficiais de outros Estados (PMERJ, PMGO, PMPE, PMPB).
Muito embora o curso seja sem ônus para o Estado, pois os organizadores proporcionam estadia e alimentação, tendo inclusive fornecido as passagens aéreas para os alunos que não são de Brasília, a Brigada Militar não enviou representante e sequer deu publicidade ao convite recebido para que indicasse um Oficial.
Saiba mais sobre o andamento do curso na página da PMDF.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

UNPOLs brasileiros estão bem no Haiti

O Capitão Tadeu ( PMERJ) me enviou e-mail informando que todos os UNPOLs brasileiros em Porto Príncipe estão bem e tranquilos. O referido Oficial destacou que no horário do abalo sísmico, indicado na notícia veiculada no site Terra, os policiais brasileiros estavam todos no terreno participando de uma operação policial conjunta UNPOL/PNH e não sentiram nenhum tremor. A operação transcorreu normalmente durante a madrugada.
Esta boa notícia comprova a necessidade de matermos um canal de comunicação direta com os policiais em missão, pois uma mensagem enviada, por mais simples que seja, serve para tranquilizar amigos e familiares aqui no Brasil.

Novo tremor de 4,5 graus assusta Porto Príncipe

Na madrugada desta quinta-feira um novo tremor de 4,5 graus na escala Richter atingiu a região de Porto Príncipe. Este abalo sísmico ocorreu às 03 horas e 30 minutos - horário de Brasília - e o epicentro foi localizado a 45 km da capital haitiana, a uma profundidade de 9,6 km. As agências internacionais de notíciais ainda não relataram sobre vítimas ou a possibilidade de danos em edificações.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Timor Leste: Novo contingente UNPOL brasileiro embarca em junho

O contingente UNPOL brasileiro da Missão de Paz da ONU no Timor Leste, composto por seis Oficiais, concluiu seu período de missão em Dili no início deste mês. Todos estes veteranos boinas azuiz já retornaram para suas corporações estaduais.
Como ocorreu nas trocas de efetivo anteriores, em qualquer uma das três missões atuais para onde o Brasil envia policiais, os contingentes substituído e substituto não se encontraram na zona de missão. Cabe destacar ao leitores que, por exemplo, dentre os países que participam da missão de paz no Haiti, apenas o Brasil ainda não se "organizou" para que este encontro de contingentes aconteça. Este procedimento é uma rotina entre os demais países.
O contingente substituto encontram-se atualmente em fase final de treinamento no Centro de Instrução de Operações de Paz no Rio de Janeiro. São sete Oficiais oriundos das seguintes corporações policiais: dois Coronéis e um Major da PMDF; um major da PMAL; dois 2° Tenentes da PMPR e um 2º Tenente da PMESP.
A data inicial prevista para o embarque do efetivo para o Timor Leste é o dia 06 de junho.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Trabalhadores humanitários são sequestrados no Haiti e em Darfur

A última semana não foi de boas notícias aos trabalhadores humanitários de áreas onde as Nações Unidas desenvolvem uma Missão de Paz. Na última quinta-feira um porta-voz do comando da MINUSTAH declarou que dois estrangeiros que trabalham em uma organização humanitária foram sequestrados por desconhecidos em Petion Ville, um dos bairros da capital Porto Príncipe.
Outro sequestro ocorreu hoje em Darfur na estrada que leva à capital Nyala. Desta vez foram três trabalhadores humanitários, sendo dois sudaneses e um americano. Segundo um porta-voz do comando da UNAMID, Samuel Hendricks, homens armados detiveram dois veículos nos quais viajavam nove funcionários da ONG, na altura do povoado de Abu Ajura, sequestrando os três homens. Os demais integrantes da organização não-governamental se encontram em segurança em Abu Ajura.
Este sequestro ocorreu na mesma região em que foram sequestrados, no mês passado, quatro policiais sul-africanos integrantes da UNPOL da missão de paz conjunta da ONU e União Africana. Os UNPOLs foram libertados após passarem duas semanas em poder dos sequestradores.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Curso da SENASP/VIVA RIO recebe mais de 5.000 inscrições

Hoje recebi a informação de que o Curso "Operações de Paz e Policiamento Internacional", o qual será realizado no ciclo 19 do EAD da SENASP em parceria com a ONG Viva Rio, recebeu mais de 5.000 inscrições.
Nesta primeira edição do curso serão disponibilizadas somente 50 vagas distribuídas, conforme o edital, entre: Polícia Militar, Civil e Federal, bombeiros (oficiais); Representantes dos governos(Ministério da Defesa, Relações Exteriores, Justiça, EMBRAPA,etc...); Psicólogos, advogados, profissionais da mídia, bacharéis em Direito, Relações Internacionais, Ciências Sociais e áreas afins (com graduação completa); Integrantes de organizações não-governamentais (ONGs – com graduação completa); E demais operadores e interessados em segurança pública, segurança internacional, direitos humanos e operações de manutenção da paz.
O curso terá um total de 60 horas/aula e será realizado entre os dias 02 de junho e 20 de julho. Os candidatos serão selecionados por uma banca composta por civis e policiais designados pela ONG Viva Rio, sendo que os candidatos aprovados serão informados sobre sua matrícula através de e-mail no dia 20 de maio.
Devido à grande procura, a SENASP está estudando a possibilidade de aumentar o número de turmas para o próximo ciclo.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Capitão Osório envia relato sobre a UNIOGBIS

O Capitão Tales Américo Osório (APM-RS 1998) é veterano da Missão de Paz da ONU no Haiti – MINUSTAH – onde esteve em 2006 atuando na Diretoria de Operações. Passados 3 anos e meio de sua primeira experiência internacional como UNPOL este capacitado Oficial do Rio Grande do Sul submeteu-se a novo processo seletivo realizado pelo DPKO (Department of Peacekeeping Operations) para integrar a Missão das Nações Unidas na Guiné Bissau - UNIOGBIS.
Pela natureza e responsabilidade das atividades desenvolvidas pela ONU naquele país africano, o processo seletivo teve uma característica especial, pois foi realizado somente para Oficiais com experiência em Missões de Paz. Cabe ressaltar que o Brasil ocupa uma posição de destaque dentro do contingente internacional da UNIOGBIS tendo em vista que a mais alta autoridade da UNPOL é o Coronel Nelson Garcia da PMDF, o qual exerce a função de Sênior Police Adviser.
Passados os primeiros dois meses de missão o Capitão Osório nos enviou uma mensagem onde explica um pouco a história do país e os objetivos da ONU para o desenvolvimento da Guiné Bissau, especialmente no setor de segurança pública:

A Guiné-Bissau conquistou sua independência em 1974 em uma guerra contra os colonizadores portugueses. Em 1998, os militares, desgostosos com o governo da época, rebelaram-se iniciando uma nova guerra que durou cerca de 9 meses, resultando em muitas mortes. O presidente solicitou apoio das tropas do Senegal e da Guiné Conakri para lutar contra os revoltosos, todavia estes expulsaram as tropas estrangeiras, fazendo com que o presidente pedisse asilo a Portugal. Desde então o país passa por grandes dificuldades. Um dos objetivos da ONU é organizar, em conjunto com a comunidade internacional, a Reforma do Setor de Segurança da Guiné-Bissau. Isto passa pela reformulação do número de forças policiais (hoje são 09 polícias) bem como a criação de uma Guarda Nacional. Eu trabalho no Setor de Reforma da Segurança, mais especificamente na Unidade de Reforma Policial. O Chefe deste Setor é o Coronel Nelson Garcia da PMDF e eu sou o seu Assistente Especial (Special Assistant to the Senior Police Adviser). Tambem sou responsável pelo controle de pessoal e logística de nossa equipe (A Seção é formada por 05 brasileiros, 01 portugues, 01 suiço, 01 ghana, 01 paquistanês, 01 moçambicano, 01 paraguaio, 01 zimbabwe, 01 alemão, 01 nigeriana, 01 espanhol e 01 americano). A seção é dividida em 05 pilares que são a Reforma Administrativa; de Ensino e Recursos Humanos; Boa Governança; Genero e grupos vulneráveis e Operações. Dentre os primeiros projetos já implementados por nossa seção constam um laboratório computadorizado de treinamento policial e a construção de uma Esquadra (Companhia) Policial Modelo que estará localizada no Bairro Militar (uma zona carente da capital Bissau).
TALES AMERICO OSORIO
Special Assistant to the SPA
"
Desejamos sucesso para todos os integrantes da UNIOGBIS, em especial a todos os policiais brasileiros!

domingo, 9 de maio de 2010

Missões de Paz: Capitão Araújo foi aprovado nos testes em Porto Alegre

A Inspetoria Geral das Polícias Militares - IGPM - realizou a primeira fase do processo seletivo 2010 para Missões de Paz das Nações Unidas. Nesta primeira etapa as provas foram realizadas de maneira simultânea nas cidades de Brasília e Porto Alegre entre os dias 4 e 6 de maio. Em Porto Alegre foram aprovados 07 Oficiais, sendo 01 Capitão e 02 Tententes da PMSC, 03 Tenentes da PMESP e 01 Capitão da Brigada Militar.
O Capitão Rogério Araújo de Souza (APM-RS 1997) é veterano da missão de Paz da ONU em Kosovo - UNMIK - onde esteve durante o ano de 2007 (foto acima). Atualmente o referido Oficial exerce suas funções no 1º BOE em Porto Alegre, tendo entre suas atribuições a função de negociador da Brigada Militar. Além de suas atividades operacionais, o Capitão Araújo é instrutor de inglês no Curso Superior de Formação de Oficiais da Brigada Militar, tendo sido recentemente nomeado pelo comando da corporação para ministrar aulas de inglês para um grupo de Oficiais superiores da Brigada Militar que viajará para a África do Sul no mês de junho a fim de acompanhar o trabalho policial durante o período da Copa Mundo. Esta viagem faz parte do projeto de preparação da Brigada Militar para a Copa de 2014, pois Porto Alegre foi uma das cidades escolhidas pela FIFA para sediar jogos do mundial de futebol.
Na sequência de fotos abaixo aparecem, na ordem, os candidatos realizando a prova de idioma, o teste de condução de viatura e o teste de tiro. A última foto mostra todos os 07 Oficiais juntamente com a equipe da IGPM responsável pelo processo seletivo.
Parabéns a todos os aprovados e que em breve estejam representando o Brasil e suas corporações em uma UN Mission!


sábado, 8 de maio de 2010

MINUSTAH - Capitão Tadeu PMERJ já está trabalhando na DIROPS

O Capitão Tadeu - PMERJ - (Foto: terceiro da esq. para direita) chegou ao Haiti no dia 21 de abril e, após passar pela semana de Induction Training, foi designado para a unidade de planejamento de operações, onde já trabalha o Capitão Algenor - PMAM. Como isso o Capitão Tadeu dá continuidade à tradição brasileira na Diretoria de Operações - DIROPS - da MINUSTAH.
Como a maioria dos policiais brasileiros que são designados para uma missão de paz em que tenham que levar armamento e munição consigo, o Capitão Tadeu também teve que enfrentar uma série de problemas durante a sua viagem de ida para Porto Príncipe. Cabe destacar que das atuais missões em que temos policiais apenas na do Sudão o UNPOL trabalha desarmado.
Com o embarque inicialmente previsto para o dia 06 de abril o Capitão Tadeu teve que adiar a viagem tendo em vista problemas com a documentação para o embarque da arma e munições. Providenciado o documento que estava faltando, o embarque ocorreu no dia 20 de abril, mas os problemas persistiram no decorrer da viagem, conforme relata o próprio Capitão Tadeu.
"Embarquei no dia 20 de abril para Miami, onde fiz conexão para Porto Príncipe, chegando à capita haitiana no dia 21 por volta das 10:30 da manhã. O embarque no RJ, depois de todo o problema no dia 06, foi tranquilo. Durante os últimos 14 dias no RJ, o TC Baganha (que parece que foi recentemente promovido a CEL) já tinha conseguido o documento que a TAM tanto queria. Recebi o documento por e-mail no dia anterior ao embarque e tudo foi tranquilo. O problema foi em Miami...Quando desembarquei procurei um funcionário da Tam que prontamente me informou que minhas malas iriam direto para o avião da Air France. Até aí tudo bem, mas e a minha arma??? ele fez contato via rádio e sumiu por uns minutos... logo depois apareceu carregando minha arma, me entregou e me disse para me dirigir a alfândega americana para as verificações de praxe... até aí, tudo bem de novo! olharam minha documentação e me liberaram sem maiores problemas.... Segui, eu e minha arma, para o balcão da Air France e aí, começou a novela de novo... A gerente da empresa no local disse que poderia embarcar com minha arma, mas as munições não poderiam ir... disse que para o tranporte de munições eu teria que ter pedido uma autorização para a empresa pelo menos uma semana antes... tentei argumentar, mostrei minha identidade, meu passaporte, todos os documentos de que dispunha, falei que ninguém me orientou sobre isso e nada... fui enviado para o TSA e conversei com o oficial de lá... ele ainda tentou, mais uma vez, dobrar a gerente, mas voltou da sala dela desiludido, pedindo mil desculpas, mas dizendo que era norma da EMPRESA....Resultado, fui embora e minha munição ficou retida na empresa em Miami.... era isso ou perderia a conexão e o vôo... Cheguei a Porto Príncipe e relatei o ocorrido ao CEL Baganha, e depois disso, não sei de mais nada....
Sorte que os brazucas tem munição sobrando, porque se fosse depender dos UNPOL, tava ferrado pois todo mundo aqui trabalha com 9 mm.
De resto, tudo tranquilo!!
Grande abraço
Tadeu
"
Aproveito este relato do Capitão Tadeu, juntamente com os relatos dos demais Oficiais que enfrentaram problemas em suas viagens, para lançar a idéia do "ciclo completo". Independentemente de quem seja o responsável pelo processo de seleção dos policiais brasileiros para compor uma missão de paz ( COTER, SENASP, Ministério da Justiça, etc...) este órgão também deverá ser responsável pela "entrega" do policial na missão, bem como pelo seu retorno ao Brasil, pois certamente os policiais que estão no Haiti e no Timor Leste voltarão a passar pelos mesmos problemas com suas armas e munições quando tiverem que retornar ao final da missão.
Atualmente a IGPM/COTER seleciona, indica, solicita os documentos de praxe da ONU (CV, exames médicos, etc...) nos "leva" até a fila do check-in e depois disso, implicitamente, ouvimos um sonoro "Te vira!". Em outras palavras, é cada um por si. É impossível acreditar que em todos esses anos o setor responsável ainda não saiba quais são os documentos e procedimentos necessários para que o policial embarque armado. São apenas 2 Missões (Timor e Haiti), as rotas de viagem, os países em que se faz conexão e as companhias aéreas são sempre as mesmas. Onde está a dificuldade? Será que o COTER, de posse do roteiro de viagem do Capitão Tadeu, não poderia ter feito um contato institucional prévio com a Air France e solucionar o problema da munição que o referido oficial teve que deixar em Miami? Segundo o Tadeu o problema foi meramente burocrático, uma solicitação que deveria ter sido feita com antecedência de uma semana, ou seja, o contato institucional resolveria o problema antes que ele acontecesse.
Portanto, "Ciclo Completo" tem que ser a bandeira dos UNPOLs.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Darfur: Boinas Azuis foram mortos em Emboscada


Dois militares egípcios integrantes da força de paz da ONU em Darfur - UNAMID - foram mortos em uma emboscada na manhã desta sexta-feira perto da Aldeia de Katila, no estado de Darfur Sul. O ataque foi realizado por homens armados não identificados, os quais atiraram sem aviso prévio contra o comboio militar composto por 03 viaturas em que estavam 20 capacetes azuis egípcios. Os militares revidaram ao ataque, no entanto, além dos dois mortos, outros três ficaram gravemente feridos e foram transportados de helicóptero para o hospital de campanha da ONU em Nyala. Segundo informações oficiais das Nações Unidas, o quadro de saúde destes militares é estável.
O Representante Especial do Secretário Geral da ONU para a UNAMID, Ibrahim Gambari, expressou grande pesar pelo que denominou de ataque covarde contra capacetes azuis que estão em Darfur para restaurar a paz e estabilidade. Por outro lado, Gambari afirmou que a missão conjunta da ONU e da União Africana no território "permanece firme e inabalável no compromisso em realizar o mandato ao serviço da paz".
O comando da UNAMID apelou ao governo do Sudão para que este identifique, capture e providencie no julgamento dos responsáveis. Destacou, ainda, o fato de que qualquer ação hostil contra capacetes azuis constitui um crime de guerra.
Com as mortes de hoje chega a 24 o número de membros da UNAMID mortos em serviço desde o início da missão, em janeiro de 2008.

Fonte: site O Repórter

quinta-feira, 6 de maio de 2010

UNPOLs brasileiros são condecorados no Timor Leste


Foi com muita alegria que recebi esta manhã um e-mail do amigo Capitão Vilaça informando que todos os policiais brasileiros a serviço da ONU no Timor Leste tiveram seu trabalho reconhecido pelo governo timorense e foram agraciados com uma medalha, conforme o texto abaixo.
"Atendendo à recomendação assinada pelo Embaixador do Brasil em Timor Leste, Dr. Edson Marinho Duarte Monteiro, o Exmº Dr José Ramos Horta, Presidente da República Democrática de Timor Leste, concedeu aos brasileiros componentes do atual contingente de UNPOL na UNMIT, a Medalha da Solidariedade de Timor Leste, em reconhecimento pelos trabalhos prestados na ajuda ao desenvolvimento desta jovem nação. A entrega foi feita pelo próprio Embaixador do Brasil, na data de hoje (06.05.2010) em almoço promovido pela Embaixada, e contou com a participação do Deputy Police Commissioner for Operations, UNPOL Idris Ibrahim, e dos membros do atual contingente, todos com EOM(End of Mission) definidos para os próximos dias.
Com o sentimento de dever cumprido, deixamos o país e retornamos aos nossos lares, nossas famílias e nossas Corporações. Ao Timor Leste, nosso desejo de sucesso nessa caminhada rumo ao desenvolvimento. Aos próximos missionários, votos de boa sorte e a certeza de que se esforçarão para manter o elevado padrão de trabalho verde-amarelo na UNMIT. Ainda dentro do assunto, queremos informar que os veteranos brasileiros que aqui estiveram pós 2006 (de acordo com o que prescreve a lei que criou a medalha), também foram incluídos na iniciativa do Embaixador, que já tem a posse das medalhas e certificados nominais, e está providenciando o envio para o Brasil via mala diplomática.
Até daqui a alguns dias, já diretamente do Recife,
Augusto Vilaça - Cap PMPE
UNPOL/UNMIT – 2009-2010
"

Meus Parabéns a todos os integrantes do Contingente Policial Brasileiro na Missão de Paz da ONU no Timor Leste - UNMIT, em especial ao Capitão Hoffmann que tão bem representou a Brigada Militar, o Rio Grande do Sul e o Brasil nestes 12 meses em que esteve "In The Service of Peace"!
Na foto acima (esq.para dir.)Cap Hoffmann, Major Becker, Embaixador Edson Monteiro, Capitão Vilaça, Cap Onierbeth e Tenente Terra.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Chega ao fim a missão humanitária espanhola no Haiti


O dia de hoje marcou o início da viagem de regresso para casa de cerca de 450 militares da marinha de guerra espanhola embarcados no navio de “assalto anfíbio Castilla” (foto), o qual esteve por aproximadamente 3 meses em missão humanitária em Petit Goave – Haiti, a fim de ajudar a população local a se recuperar do terremoto ocorrido no último dia 12 de janeiro.
Durante o tempo em que estiveram em Petit Goave os militares espanhóis realizaram uma campanha de vacinação que atingiu cerca de 20 mil haitianos. Mesmo as populações mais retiradas foram visitadas pelas equipes espanholas. O trabalho terá continuidade através de membros da população local que receberam treinamento específico dos médicos e enfermeiros do Castilla. Os espanhóis também executaram atividades de saneamento e limpeza de ruas, bem como organizaram o acampamento utilizado pelos desabrigados, os quais em sua grande maioria perderam totalmente suas casas.
No momento da partida foi realizada uma pequena cerimônia onde todos a bordo relembraram os 04 companheiros que perderam a vida no dia 16 de abril na queda de um dos helicópteros da unidade aérea do navio espanhol. Após uma oração, uma coroa de flores foi lançada ao mar pelo Chefe da Força de Infantaria Marinha, pelo chefe da Unidade Aérea Embarcada e pelo Comandante do Castilla. A chegada dos militares à Espanha, no porto de Cádiz, está prevista para o dia 20 de maio.
Este é um indício de que lentamente começa a ser desmobilizado todo o aparato internacional de ajuda humanitária que aportou ao Haiti nas semanas iniciais do pós-terremoto. Até mesmo o governo americano já anunciou que seus militares deixam o Haiti até o dia 1º de junho.
Assim a ONU, através da Missão de Estabilização do Haiti – MINUSTAH – reassumirá o controle total das ações policiais e militares no Haiti.
Fonte: site do jornal Ecodiario

domingo, 2 de maio de 2010

UNPOLs da América do Sul


Consultando o site da ONU podemos obter muitas informações e dados estatísticos a respeito das Missões de Paz em andamento. Entre os dados disponíveis encontramos a lista atualizada em 31 de março deste ano dos países contribuintes com policiais e militares para as missões. Com base nesta lista constatamos que apenas 05 países sulamericanos contribuem com policiais para as Peacekeeping Operations atuais. Dentre estes países, nós brasileiros podemos nos "orgulhar" de estarmos na "honrosa" quinta colocação. Veja os números abaixo:

Colômbia - 34 policiais
Argentina - 23 policiais
Uruguai -17 policiais
Chile - 15 policiais
Brasil - 11 policiais
Cabe destacar que entre os 23 policiais argentinos está o comandante da Polícia da ONU na MINUSTAH - Missão de Paz das Nações Unidas no Haiti - o Police Commissioner Geraldo Chaumont(foto).
Onde está a tão falada liderança brasileira na América do Sul?
Fonte: site da ONU

UNAMID: Muda o Comando da UNPOL em Darfur


O Police Commissioner da UNAMID, o comissário de polícia sul-africano Michael Fryer (foto), completou seu tempo de serviço frente à Polícia das Nações Unidas - UNPOL - da Missão conjuta da ONU e da União Africana em Darfur.
O Comissário Fryer é um policial respeitado em seu país, onde dirigiu durante sete anos a Divisão de Operações Especializadas da Polícia Sul-africana. Seu excelente currículo contribuiu para fosse nomeado Police Commissioner da UNAMID em Novembro de 2007 pelo presidente da Comissão da União Africana, Jean Ping, em ato conjunto com o Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon.
Em comunicado oficial o comando da missão destacou que o Police Commissioner Fryer foi responsável pela implantação de todos os aspectos policiais do mandato da UNAMID, tendo levado maior segurança e estabilidade ao povo de Darfur - oeste do Sudão. O comunicado ainda destacou que Fryer esteve à altura de diversos desafios que enfrentou, notadamente o reforço da confiança das pessoas assentadas nos campos de refugiados e a organização de patrulhas de longa distância de El Obeid a El Fasher, abrangendo uma extensão territorial de mais de 700 km, bem como proporcionou uma maior aproximação dos UNPOLs com a políca local através da realização de patrulhas conjuntas e das atividades de monitoramento realizadas pelos UNPOLs referentes ao trabalho dos policiais sudaneses em Darfur.
Atualmente o contingente policial na UNAMID é de 4.675 policiais oriundos dos seguintes países: Bangladesh, Burundi, Camarões, Costa do Marfim, Egito, El Salvador, Fiji, Finlândia, Gâmbia, Alemanha, Gana, Indonésia, Jordânia, Quirguistão, Madagascar, Malawi, Malásia, Namíbia, Nepal, Nigéria, Noruega, Paquistão, Palau, Filipinas, Ruanda, Senegal, Serra Leoa, África do Sul, Tajiquistão, Tanzânia, Togo, Turquia, Uganda, Vanuatu, Yemen e Zâmbia.
Fonte: site da UNAMID

Sudão: Conselho de Segurança renova o mandato da UNMIS


O Conselho de Segurança da ONU aprovou por unanimidade, em reunião realizada no dia 30 de abril, a renovação do mandato da Missão de Paz das Nações Unidas no Sudão - UNMIS - por mais 12 meses. Podendo receber uma nova renovação em 30 de abril do ano que vem. Em declaração à imprensa, o Secretário Geral das Nações Unidas - Ban Ki Moon - externou sua preocupação com a preparação do referendo que será realizado no início de 2011 com o objetivo de determinar se o Sul se separa do resto do país, bem como para determinar o futuro da região de Abyei, a qual é rica em petróleo.
Todas estas decisões importantes para o futuro do Sudão tem de ser tomadas em meio a constantes atos de violência que resultaram em várias mortes de civis nos últimos dias na fronteira entre o norte e o sul do país. Entre tantos fatos negativos, não podemos esquecer do sequestro dos 04 UNPOLs sul-africanos da Missão de Darfur - UNAMID, os quais permaneceram duas semanas nas mãos de um grupo separatista sudanês. Mesmo que os policias tenham sido libertados, o sequetro de membros das Nações Unidas se tornou um precedente perigoso para todos os Boinas Azuis que atualmente desempenham suas funções na UNMIS e na UNAMID. Por fim, cabe ainda destacar o fato de que, ao contrário do Haiti e do Timor Leste, as duas missões no Sudão são missões nas quais os UNPOLs trabalham desarmados.

Fonte: site do jornal Destak