sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Tenente Sacchelli cumpre sua missão no Timor Leste



Um mês após o encerramento definitivo das atividades da Missão de Paz da ONU no Timor Leste – UNMIT – eu gostaria de fazer os dois últimos posts sobre aquela missão abordando as atividades de dois amigos. Neste primeiro texto contarei a trajetória do Tenente Alan Sacchelli (na foto acima com meninas timorenses momentos antes de uma apresentação cultural), da Polícia Militar do Estado do Paraná, um amigo que fiz através das redes sociais, o qual eu não tive oportunidade de conhecer pessoalmente ainda. O Tenente Sacchelli tem uma história peculiar dentre todos os Policiais brasileiros indicados para missões de paz, pois antes de ser indicado para a missão no Timor Leste, o tempo de espera para receber a tão sonhada Boina Azul superou em muito o de qualquer outro. Vou explicar como foi esta história. O Tenente Sacchelli freqüentou o Estágio Preparatório para Missões de Paz - EPMP - no CCOPAB em maio de 2010. Já durante o curso no Rio de Janeiro os Oficiais receberam informação a respeito da missão para qual tinham sido designados. Sendo o Tenente Sacchelli designado para a Missão de Paz da ONU no Sudão – UNMIS. Após toda a tramitação burocrática da documentação ele finalmente realizou a entrevista telefônica obtendo a aprovação. No entanto, após alguns meses de espera, sua autorização de viagem (Travel Authorization) acabou não sendo expedida, pois a missão estava sendo encerrada, como de fato ocorreu em junho de 2011. Não preciso nem falar que isso foi uma frustração muito grande para o Sacchelli. No dia 11 de setembro de 2011, um sábado, 16 meses depois do Sacchelli ter concluído o EPMP, eu publiquei aqui no Blog um texto sobre a situação dele com o intuito de sensibilizar quem detinha o poder da indicação para Missões. Ressaltei no texto que o Sacchelli havia sido aprovado em todas as fases do concurso e que estava pronto para qualquer missão e que o COTER poderia aproveitar esse Oficial em qualquer uma das outras missões em andamento naquela época, visto que o prazo do seu concurso estava por expirar. Coincidência ou não, no dia 13 de setembro, dois dias após a minha publicação, ele recebeu um telefonema do COTER e foi indicado para a UNMIT. Finalmente a espera tinha acabado. Nova tramitação burocrática, outra entrevista telefônica e nova aprovação. E o Sacchelli embarcou para Dili, capital do Timor Leste, aonde chegou no dia 11 de novembro de 2011, exatos 18 meses após concluir o estágio no CCOPAB. Nas fotos abaixo podemos ver algumas das atividades desenvolvidas pelo Saccheli durante os 12 meses que esteve a serviço das Nações Unidas no Timor Leste. Na primeira foto ele aparece junto aos demais policiais brasileiros (TCel Valdemir PMDF, Cap Mauricio PMESP, Maj Fernandes PMERJ e Cap Isangelo PMDF) durante o Induction Training.


Nas três seguintes o Tenente Sacchelli aparece durante atividades de monitoramento da Policia Nacional do Timor Leste.



Nas fotos seguintes o Oficial paranaense aparece durante visita a uma escola timorense onde foram entregue cartilhas elaboradas pelo governo brasileiro para auxiliar na aprendizagem do idioma português. E durante reunião de trabalho preparatória para as eleições presidenciais.

Na última foto o Tenente Sacchelli aparece em seu posto de comando, pois desempenhou a função de Sub-Cmt do Distrito Policial (Deputy-District Commander) de Covalina, na cidade de Suai.

Ao Tenente Sacchelli desejo sucesso no seu retorno ao Paraná  e que desfrute do convívio dos familiars e amigos. Com certeza  a PMPR esta recebendo de volta um Oficial com muita experiência profissional e de vida, capaz de visualizar a seguranca pública não apenas com a visão brasileira, mas com um conhecimento de policiamento a nível mundial que somente os que tiveram a oportunidade de envergar uma Boina Azul possuem.
Grande Abraço Sacchelli.

domingo, 2 de dezembro de 2012

UNMIT: Capitão Átila concluiu sua missão no Timor Leste

O Capitão Átila Mesadri Pezzetta (APM/RS 1995) concluiu esta semana seu período de serviço na Missão de Paz da ONU no Timor Leste - UNMIT - e já se encontra no Brasil. Ele integrou o último grupo de policiais militares brasileiros a deixarem a capital Díli devido ao encerramento das atividades da ONU no Timor. A viagem de volta foi longa, foram aproximadamente 19.500 km percorridos em dois dias e meio, com no mínimo três escalas até a chegada ao aeroporto de Guarulhos em São Paulo. 
O Capitão Átila chegou ao Timor no dia 03 de março deste ano, portanto foram aproximadamente nove meses de missão de paz. Meses de intensas atividades, treinamentos e monitoramento da Polícia Nacional do Timor Leste – PNTL, a qual atingiu este ano o estágio de capacitação necessário para assumir na totalidade a responsabilidade pelo policiamento e segurança pública de seu país. Logo no início da missão, o Capitão Átila foi designado para o Distrito de Baucau, uma região de montanhas em meio à floresta equatorial do Timor, onde permaneceu desempenhando suas funções de UNPOL - Police Advisor até a semana passada. Em Baucau o Oficial gaúcho desempenhou funções de patrulhamento, treinamento, Legislation Advisor e Oficial de Logística. 

A oportunidade de trabalhar diretamente com policiais de 16 países em Baucau fez com que o Capitão Átila pudesse desenvolver ainda mais sua proficiência no idioma inglês e ter contato com seus mais variáveis sotaques oriundos de países da Ásia, África, Europa e Oceania. Além disso, possibilitou ao Oficial uma visão crítica de vários sistemas policiais existentes nos cinco continentes. 

Com certeza a Brigada Militar tem um Oficial altamente preparado para os desafios que se acercam com a realização da Copa do Mundo em 2014 em nosso país. Parabéns ao Capitão Átila, mais um Boina Azul da Brigada Militar que retorna ao Rio Grande do Sul com o sentimento de dever cumprido e de ter contribuído com seu trabalho para a estabilidade e o progresso do Timor Leste. Aproveite o tempo para descansar e matar a saudade de sua família, afinal foram quase nove meses longe de casa. Com certeza sua esposa e filhos estão muito felizes com o seu retorno. 
Este ciclo será coroado ainda este mês com sua promoção ao posto de Major! 
Parabéns Átila!

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Timor Leste: Cap Atila completa 8 meses de missão.


O Capitão Átila Mesadri Pezzeta completou oito meses de serviço na Missão de Paz da ONU no Timor Leste no último dia 01 de novembro e , devido ao encerramento da missão no final deste mês, esta prestes a retornar para o Brasil. Em vista disso, nos enviou mais um relato sobre seu trabalho na UNMIT.
“A Missão contou com 4 Formed Police Unit, (unidades formadas como tropas especiais para controle de distúrbios civis) e suporte para a PNTL e para a UNPOL, diante de casos extraordinários.O efetivo de UNPOLs era de 500 policiais distribuídos em Dili, junto ao comando da missão, e nos 13 distritos, compreendendo mais de 50 países. No ãmbito distrital tudo é replicado: comando, estafe (seções do EM) e times de patrulha. O distrito da UNPOL funciona junto com a PNTL (Polícia Nacional do Timor Leste). Os UNPOLs auxiliam no treinamento e monitoramento da polícia nacional e a Unidade se subordina diretamente ao “Deputy Police Commissioner for Operations”, no âmbito operacional. Há atividades de operações, controle de pessoal, logística, investigação, polícia comunitária, trânsito e inteligência, entre outros. A presente Missão foi criada em 2006, quando a ONU a autorizou e que teve como mote principal um pedido do Parlamento local pelo estabelecimento da UN Police no Timor Leste, buscando manter a lei e a ordem no país, viabilizando sua reorganização e reconstrução, o diálogo político e a governança democrática. Nossa Missão se encontra em fase final e após três períodos eleitorais bem-sucedidos vemos agora a preparação para a sua retirada e o retorno dos seus integrantes aos seus países. Atualmente há o chamado "decrease", significando que os contingentes que chegaram ficarão até o final de novembro somente. Apos isso haverá a desmobilização da UNPOL e da UNMIT, com seu encerramento. O país encontra-se no caminho do desenvolvimento e o governo trabalha para acelerar os trabalhos de infraestrutura e serviços, assumindo integralmente seu papel.
Atualmente executo a função de Logistics Officer e Legislation Advisor no distrito de Baucau, com colegas de 16 países.


Nossa estrutura conta com equipes de patrulha e faz operações esporádicas. Nas fotos abaixo alguns momentos destas patrulhas. Sendo que a segunda foto foi tirada durante o período eleitoral.



Temos funcões internas, como pessoal, logística, investigação, treinamento, inteligência, operações, trânsito e vulneráveis. O Timor Leste já atingiu um estágio favorável ao desenvolvimento, com suporte da UNMIT. Há muito trabalho a ser feito ainda pelo governo local. Os serviços de infraesterutura do Estado estão sendo consolidados. Temos orgulho por podermos servir nas Nações Unidas e representarmos nossos países, nossas forças policiais e nossas famílias.”
MISSÃO DE PAZ DAS NAÇÕES UNIDAS NO TIMOR LESTE
ATILA MESADRI PEZZETTA - Capitao QOEM – BRIGADA MILITAR/RS"

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

UNIOGBIS: Capitão Claudio Prus - PMPR - envia relato da Missão na Guiné Bissau


O Capitão Claudio Prus, da Polícia Militar do Estado do Paraná, atualmente está desempenhando as funções de UNPOL na Missão de Paz da ONU na Guiné Bissau, em substituição ao também paranaense, 1º Tenente Moisés Ceschin. A missão na Guiné Bissau recebe a denominação de United Nations Integrated Peace-Building Office in Guinea Bissau - UNIOGBIS. Ele nos enviou um relato sobre suas atividades e a situação do país atualmente.
“Tenho desempenhado a função de UNPOL no setor de Polícia Comunitária e Treinamento, onde estou realizando visitas as bases policiais que aqui existem, eles chamam de Esquadras de Polícia, seria, em comparação com as nossas, sedes de Companhias ou Pelotões que atuam nos bairros. Então, um dos projetos da UNIOGBIS são as Esquadras Modelo de Polícia que visam a padronização dos procedimentos policiais nos conceitos de polícia comunitária, bem como a adequação das instalações físicas, suprimento de meios neste sentido. Enquanto o Moisés Ceschin estava aqui eles inauguraram a 1ª Esquadra Modelo e agora estou prestando apoio e consultoria nesta esquadra, orientando os policiais e alinhando os serviços no padrão comunitário. Semanalmente visito esta esquadra, converso com os policiais e realizamos uma avaliação do que está mudando e confesso que tem sido bem significava a mudança do policiamento no local e dos policiais, apesar da falta de escolaridade de muitos (aqui muitos são analfabetos).

 Na área de treinamento, desenhamos um curso de atualização / formação básica de polícia, visando a ampliação das Esquadras Modelo de Polícia, onde sou o coordenador e instrutor deste curso. Atualmente estamos treinando 60 (sessenta) policiais e a pretensão da UNIOGBIS é repetir este curso mais vezes no ano que vem. Este curso tem a duração de 2 meses.

O nosso problema por aqui foi o golpe de Estado de 12 Abril último, pois o governo estava colaborando e apoiando os trabalhos, porém após o golpe os militares tomaram o poder e estamos trabalhando apenas para manter os projetos que já estavam sendo executados, além é claro de atividades que possam não confrontar as ações dos militares, pois somos apenas uma força de paz, certo! Enquanto não se resolver este impasse as ações ficarão limitadas a treinamentos e pequenas consultorias quando solicitadas”.
Na foto abaixo o Capitão Prus aparece junto a outros UNPOLs da Missão.

Desejamos sucesso ao novo Boina Azul paranaense em sua nobre missão no continente africano!

domingo, 28 de outubro de 2012

New York: Capitão Carrera visita a Missão Permanente do Brasil na ONU

O Capitão Sergio Carrera, da Polícia Militar do Distrito Federal -PMDF, realizou uma viagem de férias aos Estados Unidos, com sua esposa Luciana, no início deste mês de outubro. O veterano Boina Azul da MINUSTAH aproveitou a estada em Nova York para fazer uma visita de cortesia ao escritório da Missão Permanente do Brasil nas Nacões Unidas, oportunidade em que foi recebido pelo Adido Militar, General Ítalo Fortes Avena, e seus assessores, o Coronel EB Walter e o Capitão-de-Mar-e-Guerra Fagundes. Durante mais de duas horas o Capitão Carrera e os referidos Oficiais conversaram sobre assuntos relativos às Missões de Paz e os vários aspectos que envolvem a participação policial militar brasileira em missões da ONU.
Ao final da visita, o Capitão Carrera entregou a cada um dos militares um exemplar do livro “Sierra Romeo 8: uma Operação de Paz da África”, obra de aventura de autoria do pai do referido oficial e que é baseada na expêriencia vivenciada pelo TCel Antonio Sergio Carrera, na época Capitão da PMDF, durante seu trabalho como UNPOL na Missão de Paz da ONU em Moçambique - ONUMOZ - entre os anos de 1993 e 1994.

Foram deixados também, como presentes do autor, vias com dedicatória para a Embaixadora, Maria Luiza Viotti, bem como para o Ministro Leonardo e o 2º Secretário Ricardo Rizzo, os quais atuam na área de Operações de Paz. O acervo da biblioteca da Missao Permanente também foi agraciado com um exemplar. 
Já na saída do prédio o Capitão Carrera teve a oportunidade de encontrar com a Embaixadora Maria Luiza Viotti e conversar com ela alguns instantes (primeira foto acima).

sábado, 27 de outubro de 2012

Timor Leste: Cerimônia de Medal Parade

O Capitão Átila Mezadri Pezzeta, da Brigada Militar, esta próximo de completar oito meses de serviço na Missão de Paz da ONU no Timor Leste e me enviou um relato detalhado sobre a cerimônia na qual foi condecorado com a medalha das Nações Unidas " In The Service Of Peace" em solenidade ocorrida no último dia sete de setembro na capital do Timor Leste, Dili.
" Missão Integrada das Nações Unidas no Timor Leste. Registro do Brazilian Medal Parede 2012. Registramos nosso Brazilian Medal Parede 2012, na UNMIT. O evento ocorreu em 07 de Setembro último, quando a comissão organizadora presidida pelo Comandante do Contingente, Coronel PMDF Edilson Rodrigues, concretizou meses de planejamento e preparativos. O evento se realizou no Clube Ocean View em Dili, Capital. Oito Oficiais receberam a condecoração “In The Service of Peace” e outros oito os correspondentes numerais de suas condecorações, pelo excedente de tempo em Missão de Paz, prestando honrados serviços. O convite para a cerimônia foi idealizado no sentido de homenagear o Brasil – nossa Pátria Amada -, tendo como imagem de fundo o monumento “Cristo Redentor”, do Rio de Janeiro, justamente porque foi entendido como a imagem que melhor caracteriza o país e tem reconhecida projeção no exterior. Também, a Cidade do Rio de Janeiro foi eleita Patrimônio da UNESCO em 2012. Nos honraram com suas presenças autoridades como o Representante do SRSG (Special Representative of Secretary General of UN), Sr. Shigeru Mochida, a Ministra Conselheira da Embaixada do Brasil no Timor Leste, Sra. Ivanise Maciel, o Acting Police Commissioner of UNMIT, Sr. Sayed Raj, a Acting Chief of Staff, Sra. Valelee Toffa e o Chief of NOD (National Operations Department), Sr. Raul Curva. Aquilataram o evento também comandantes de contingentes de policias uniformizadas de 40 países, muitos colegas UNPOLs e convidados. Os convidados foram recebidos pelos Oficiais do contingente brasileiro e assistiram ao canto do Hino Nacional, seguido de um vídeo sobre o Brasil e todas as suas muitas regiões e diversificados costumes. Logo após, as autoridades foram convidadas a tomarem seus lugares para realizarem a entrega das condecorações aos Oficiais agraciados. Discursaram o Acting SRSG, o Acting Police Comissioner e o Contingent Commander.


Em seu discurso o Representante do SG relatou o brilhante histórico brasileiro na ONU, desde a assinatura da Carta das Nações Unidas e enalteceu os esforços do Brasil em colaborar com um qualificado estafe para agigantar o desempenho da Polícia das Nações Unidas na Missão de Paz no Timor Leste, em um momento histórico quando a Missão de Paz se aproxima de seu bem-sucedido encerramento. Na mesma esteira manifestou o comandante interino da UNPOL, Saye Raj, os esforcos dos UNPOLs brasileiros pela sua qualidade, elevada disciplina, profissionalismo e alto grau de comprometimento com seus deveres, exemplos de profissionais que aqui vieram para fazer a diferenca na Missao de Paz.


Por fim o Coronel Edilson Rodrigues agradeceu a presenca de todos e reassegurou o comprimisso dos Oficiais brasileiros em bem desempenhar seus deveres e enalteceu o momento, que classificou como uma grande honra, quando somos reconhecidos pelos esforços somados aos contingentes da UNPOL no Timor Leste. Após a solenidade os convidados participaram de um jantar comemorativo ao evento, com pratos típicos da culinária do Brasil.

Receberam a condecoração “In The Service of Peace” das Nações Unidas os seguintes Oficiais:
Ten-Cel PMDF VALDEMIR GOMES DOS SANTOS Distrito Federal;
Major PMRJ RODRIGO FERNANDES FERREIRA Rio de Janeiro;
Capitao BMRS ATILA MESADRI PEZZETTA Rio Grande do Sul;
Capitao PMSP MAURICIO DE ARAUJO São paulo;
Capitao PMDF ISANGELO SENNA DA COSTA Distrito Federal;
1º Ten PMPR ALLAN PAULO BASSACO SACCHELLI Paraná;
1º Ten PMCE ADRIANO MARCEL DE M. BEZZERRA Ceará;
1º Ten PMMT RICARDO DE ALMEIDA MENDES Mato Grosso;
Receberam os numerais correspondentes a condecoração “In The Service of Peace” das Nações Unidas os seguintes Oficiais:
Coronel PMDF EDILSON RODRIGUES Distrito Federa;
Major PMDF ROBERTO DE SANTANA FREITAS Distrito Federa;
Capitao PMBA GILMARA SANTANA DE OLIVEIRA Bahi;
Capitao PMDF RODRIGO CAMARGO CAMPOS Distrito Federal;
Capitao PMBA FERNANDO ATILA FERREIRA JUNIOR Bahia;
Capitao PMDF ROBSON LUIZ MAGALHAES PINHEIRO Distrito Federal;
Capitao PMDF WERNER ARAUJO MIQUELINO DA SILVA Distrito Federal;
1º Ten PMSP LIGIA PINHEIRO – São Paulo "

domingo, 9 de setembro de 2012

ONU: Capitães da Brigada Militar são condecorados pelas Nações Unidas

Na última sexta-feira os brasileiros comemoraram em todo o país a independência do Brasil. Mas o sete de setembro também foi um dia especial para vinte policiais militares brasileiros que se encontram longe de casa desempenhando suas funções como United Nations Police – UNPOL - em duas Missões de Paz da ONU: Sudão do Sul e Timor Leste. 
Pela primeira vez na história da participação policial brasileira nas UN Mission dois contingentes realizam a cerimônia de recebimento de medalhas das Nações Unidas, o Medal Parade, na mesma data. E a Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul esteve representada nos dois eventos. 
As cerimônias ocorreram quase que simultaneamente, pois em Juba, capital da mais nova nação africana, os atos solenes iniciaram às 11 horas da manhã e em Dili as 17:30 horas (12:30 hs em Juba devido ao fuso horário). Dentre os cinco Oficiais agraciados com a medalha da Missão de Paz da ONU no Sudão do Sul – UNMISS – está o Capitão Marco Antonio dos Santos Morais (APMRS 1997), do 3º Batalhão de Operações de Especiais de Passo Fundo. 


Já em Dili, capital do Timor Leste, entre os quinze oficiais brasileiros agraciados estava o Capitão Átila Mezadri Pezzeta (APM/RS 1995), do 29 Batalhão Polícia Militar da cidade de Ijuí. 


A Medalha das Nações Unidas “In the Service of Peace” é a mesma em todas as missões de paz da ONU, o que muda são as cores presentes na fita e no passador, as quais representam características do país onde a missão está sediada. No caso do Sudão do Sul, as cores representam o seguinte: o azul as Nações Unidas; o preto a riqueza do petróleo do país; o verde o fértil solo do Sudão do Sul e o branco a esperança de paz e prosperidade após a luta pela independência.





domingo, 2 de setembro de 2012

UNMISS: Tenente Fabio Barros - PMPR - completa um mês de missão

 

Após um período de afastamento do blog devido ao meu CTO (Compensatory Time Out) o qual aproveitei para passar 20 dias com a família no Brasil (na verdade foram 24 dias, mas perco dois dias de viagem tanto na ida quanto na volta), bem como minha transferência de Akobo para Torit, volto a escrever aqui da África. Desta vez para informar aos leitores que nosso contingente policial está finalmente completo aqui na Missão de Paz da ONU no Sudão do Sul – UNMISS. O número inicial de integrantes do contingente era seis, no entanto um Oficial da Polícia Militar de Pernambuco desistiu de embarcar por razões pessoais, motivo pelo qual nos apresentamos aqui na UNMISS apenas cinco Oficiais no final do mês de março. Simultaneamente a nossa apresentação na missão, outro policial militar foi indicado para ocupar a sexta vaga. Como os veteranos já sabem, o processo é moroso até que a documentação tramite do Brasil até a sede da missão via Nova York, ocorra a entrevista telefônica e a posterior emissão da Travel Authorization (documento que autoriza a emissão da passagem). Passados quatro meses da nossa apresentação, no último dia 31 de julho chegou a Entebbe o 1º Tenente Fábio Barros, da Polícia Militar do Estado do Paraná – PMPR. Um fato relevante a ser destacado é que no dia do embarque do Tenente Fábio Barros em Curitiba dois veteranos de missão foram ao aeroporto desejar boa sorte ao novo boina azul. Na foto abaixo aparecem o Tenente-Coronel Milton Isack Fadel Junior (Missão na Iuguslávia- UNPROFOR) e o Tenente Leandro Thereza (Haiti- MINUSTAH). 


Após uma semana em Uganda, o Tenente Fábio finalizou o Induction training em Juba, com a aprovação nos testes de direção e obtenção da Driver License das Nações Unidas. Na foto abaixo o Oficial paranaense aparece junto a policiais de Ruanda e das Ilhas Fiji durante o treinamento inicial na capital sul-sudanesa. 


Após uma designação temporária de uma semana para trabalhar em Juba, o Tenente Fábio recebeu a designação definitiva para trabalhar em Akobo, mesmo local onde estávamos eu e o Capitão Jonas. Na verdade é praxe nas missões da ONU, sempre que possível, designar os UNPOL do mesmo país no mínimo em duplas, a fim de facilitar a adaptação ao ambiente de missão. Com o Tenente Fábio não foi diferente. No entanto, simultaneamente à designação dele para AKobo, eu e o Jonas recebemos nossa transferência para Torit. Ou seja, o Fábio ficaria sozinho na remota Akobo, o que convenhamos não seria um bom começo para ele. Em vista disso, imediatamente após a publicação das designações, nosso contingente em Juba conseguiu reverter a publicação junto à unidade de Human Resources e o Tenente Fabio foi designado finalmente para Wau. Uma capital de Estado onde a base da ONU é bem estruturada e já contou com a presença policial brasileira em 2010/2011 com o Capitão Emerson – PMSC, e o Tenente Melo - PMSP . Em contato que mantive hoje com o Tenente Fabio ele me relatou que está muito satisfeito com sua unidade em Wau e está aproveitando cada oportunidade que tem de conversar com os policiais e a comunidade local a fim de colher o maior número possível de informações a cerca da cultura e tradição do povo sul-sudanês. Nas fotos abaixo podemos ver algumas das atividades de co-location do Tenente Fabio em Wau durante a semana que passou. Na primeira ele está junto com o UNPOL Roger, de Ruanda, no posto policial de Jabel, já na segunda com o UNPOL Ghizou Li, da China, em visita ao vilarejo de Ghana.



Parabéns ao Tenente Fabio Barros e à Polícia Militar do Estado do Paraná pelo início de tão nobre missão no continente africano! 

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Sudão do Sul: 1º Aniversário de Independência, avanços obtidos e perspectivas para o futuro



Na última segunda-feira, dia 09 de julho de 2012, o Sudão do Sul comemorou seu primeiro aniversário de independência. Feriado nacional e celebrações em todas as cidades. Aqui em Akobo não foi diferente. Grande parte da população local se concentrou no pátio da Prefeitura, palco de todos os acontecimentos importantes da cidade. Nas fotos abaixo podemos ver alguns momentos da cerimônia. Na sequência aparecem alguns grupos de dança folclórica esperando sua vez de se apresentar; a tropa formada em frente ao palanque constituída de Militares, Policiais e Agentes Penitenciário; e a equipe de UNPOLs de Akobo junto às autoridades no palanque oficial.



Lideranças políticas, tribais, militares e policiais fizeram seus discursos enaltecendo este ano de conquistas, destacando principalmente a situação local. Lembraram de todos aqueles que perderam suas vidas na busca da independência, conclamando a todos aqueles que perderam irmãos, pais e filhos no tempo de guerra para que continuem perseguindo os sonhos daqueles que já partiram, lutando para que a perda de preciosas vidas não tenha sido em vão.
Mas há algum tempo eu já vinha me questionando: quais foram os progressos obtidos? Somente com o povo eu poderia obter esta resposta. Um dos momentos que entendo ser mais precioso durante a missão é quando tenho oportunidade de conversar com as pessoas simples do povo. É com estas pessoas que acabo obtendo as informações mais valiosas para entender a maneira como eles entendem a vida, a sua cultura e as perspectivas que eles tem para o futuro.
Em uma dessas conversas o tema era justamente este: se eles conseguiam visualizar alguma melhora em suas vidas após a independência. Como já referi, a análise sempre tem como base a cidade de Akobo. A reposta é unânime: quase tudo mudou para melhor. Pois após logo no início do processo de preparação para o referendum que culminou com a independênica a ONU instalou a base aqui em Akobo. Com a instalação da base, outros organismos internacionais se instalaram no município, tais como a ONG Save the Children e o Escritório do World Food Programme, agência das Nações Unidas responsável por programas de distribuição de alimentos, e o escritório da UNOPs, o qual tem como tarefa principal a construção de uma ponte sobre o rio que faz a fronteira com a Etiópia.
Todas estas agências empregam trabalhadores locais. Isso faz o dinheiro circular no comércio, fazendo com que os comerciantes, tendo mais dinheiro, possam comprar uma variedade maior de produtos para ofertar aos consumidores. A estabilidade política e de segurança também trouxe como benefício a regularidade de pagamento de salários para os funcionários públicos tais como professores, militares e policiais.  
Mas com certeza a informação que mais me impressionou foi a referente à água. Pois a realidade que encontrei quando cheguei a Akobo em abril deste ano, com bicas públicas espalhadas por toda a cidade, é relativamente nova. Há cerca de um ano e meio atrás não existiam estas bicas, a população tomava água do rio, o mesmo rio que usam para tomar banho e lavar roupas.  Dentro desta perspectiva local, a independência foi excelente para todos. Na foto abaixo podemos ver uma destas bicas.
No entanto, esta semana li um artigo publicado no periódico britânico The Guardian, o qual analisa a situação do país como um todo. O artigo alerta para o fato deque o Sudão do Sul está a beira da falência e que provavelmente enfrentará problemas para pagar os salários dos funcionários públicos já no mês de agosto. Isto se deve ao fato da paralisação na produção de petróleo. O governo local tomou esta decisão tendo em vista os problemas com a demarcação da fronteira e a cobrança de altas taxas de estocagem e transporte do petróleo por parte do governo do Sudão do Norte.  O único caminho disponível para o Sudão do Sul exportar seu petróleo é através dos oleodutos e do porto do Sudão do Norte. Em abril deste ano o Presidente Salva Kiir viajou à China em busca de financiamento para a construção de um oleoduto que alcançasse o Mar Vermelho através da Etiópia, no entanto não obteve sucesso. O petróleo responde por 80% da economia do Sudão do Sul e por 98% do orçamento público.  O mapa abaixo mostra a localização dos poços de petróleo e os oleodutos existentes atualmente.

O Sudão do Norte também começa a enfrentar problemas econômicos pela diminuição na produção de petróleo e teve que iniciar um programa de corte de gastos públicos. Os analistas dizem que este problema em comum pode ser o motivo que faltava para que ambos os governos retomem as negociações para um acordo de paz definitivo que, na medida do possível, atenda aos anseios de todos.

sábado, 30 de junho de 2012

Akobo: Uma aula de Cidadania nas eleições distritais


O sistema municipal aqui do Sudão do Sul é um pouco diferente do sistema adotado no Brasil. Aqui eles trabalham com o sistema de condado, ou “County” na definição em inglês. Akobo County é formado por nove vilas as quais são denominadas, na língua local, de Payan. Sendo que o Payan principal é a própria vila de Akobo onde está situada a nossa base da ONU, bem como a Prefeitura do Condado. 
O Prefeito, chamado de Commissioner, tem a responsabilidade administrativa sobre todo o Condado, porém, tendo em vista as distâncias (o Payan mais distante está a 100 km da vila de Akobo) e dificuldades de deslocamento entre os Payans, cada vila possui um administrador local, eleito pelo voto direto da população da vila, o qual trabalha como uma espécie de sub-prefeito e se liga direto ao Commissioner. 
Fiz esta pequena introdução para que os leitores possam entender o relato que farei a seguir. Hoje de manhã a vila de Akobo amanheceu com uma agitação fora do normal. Mas isso tinha uma razão especial, pois hoje ocorreu a eleição do sub-prefeito do Payan de Akobo. Nós tivemos a oportunidade de acompanhar o processo eleitoral juntamente com a polícia local e o exército, os quais estavam encarregados da segurança do evento. Na foto abaixo eu e o UNPOL Marlon das Filipinas junto com militares e um Policial local (camuflado em tom azul).

Na foto abaixo a equipe de UNPOLs presentes na eleição: Cap Marco, Samsong (Uganda), Jack (Filipinas) e o Team Leader Stephen (Uganda).
Foi uma experiência incrível, pois o sistema eleitoral adotados pelos sul-sudaneses neste tipo de eleição é muito interessante e transparente pela maneira como foi conduzido e pelo fato de ser voto aberto. Todo o processo eleitoral aconteceu nas dependências da Prefeitura de Akobo County. Havia dois candidatos, os quais ostentavam um cartaz com o seu nome e sentaram em uma cadeira um de frente para o outro, a uma distância de uns 20 metros entre si. À medida que os eleitores chegavam e acessavam o pátio da Prefeitura iam sentando em filas no chão atrás de seu candidato. Homens à esquerda do candidato e mulheres à direita em filas distintas (fotos abaixo).

O processo se estendeu pela manhã toda. Como duas torcidas organizadas, os eleitores entoavam canções e muitas vezes dançavam sem, no entanto, hostilizar os adversários políticos em nenhum momento. Ao final da manhã, a contagem dos votos foi feita de maneira visual pela comissão eleitoral, contando o número de pessoas sentadas atrás de cada candidato, sem qualquer tipo de cédula. A decisão foi proclamada e aceita por todos sem contestação, pois bastava olhar para os dois lados e ver quem tinha vencido (foto abaixo no momento da proclamação do resultado).




Fantástico pela simplicidade, rapidez e comportamento amistoso entre os partidários de cada candidato.

Uma verdadeira aula de cidadania!

domingo, 17 de junho de 2012

Sudão do Sul: Desafios da nova Nação africana

Este mapa representa um dos maiores desafios do governo do Sudão do Sul após a declaração de independência em 09 de julho de 2011: fazer com que o sentimento de nação supere o sentimento tribal. O país é divido em 39 grupos étnicos diferentes, os quais estão identificados pelas cores e nomes no lado esquerdo do mapa. O mapa também deixa bem claro que estes grupos étnicos possuem o seu próprio “território” dentro do país. Além disso, também possuem o seu próprio idioma o qual é utilizado nos diálogos do dia-a-dia em suas comunidades. Para se comunicarem entre os diferentes grupos eles utilizam o árabe, idioma aprendido de pai para filho e que a grande maioria fala, mas não sabe ler ou escrever em tal idioma. O inglês então, mesmo sendo declarado idioma oficial do país após a independência, só é falado por quem freqüentou a escola. E como vocês podem imaginar, o índice de freqüência escolar é muito baixo ainda. O inglês agora faz parte do currículo escolar nacional. É matéria obrigatória desde a primeira série do ensino fundamental. O resultado disso é que muitas vezes, durante nosso trabalho, conseguimos conversar em inglês de forma básica com as crianças e não conseguimos com seus pais. Cada grupo étnico possui também sinais característicos feitos no rosto dos homens quando estes atingem a idade de 15 anos, como um ritual de passagem para a idade adulta. Bom, alguém poderia pensar.....sinais tribais.....África...tudo certo! ERRADO... esta prática de marcação foi introduzida pelos ingleses durante o período colonial, pois eles tinham que saber com que tribo estavam tratando dos seus negócios por estas bandas. Após a partida dos europeus, os locais deram prosseguimento às marcações faciais, ação que o governo agora quer abolir através de campanhas de incentivo ao abandono desta prática. Uma tarefa difícil, pois existem casos de meninos que se marcam sozinhos, mesmo contra a vontade dos pais, pois querem se sentir adultos, eles querem parecer como os demais, ou seja, querem “deixar de ser criança” sob a ótica da cultura local. O abandono de práticas tradicionais, em qualquer parte do mundo, demanda tempo e conscientização do povo. O governo e as lideranças tribais estão fazendo a sua parte, buscando a cada dia, a cada reunião comunitária, a cada contato com o povo explicar as vantagens da abolição completa desta prática. O caminho a ser percorrido é longo, mas eles têm convicção e sabem onde querem chegar.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

UNMISS: Tudo que você precisa saber sobre acomodações.

Uma das primeiras preocupações de um policial a serviço das Nações Unidas ao chegar em sua área de missão são as acomodações. Essa é uma pergunta que sempre me fazem: Tem alojamento? Bom, a resposta pode ser “sim” e “não”. Na maioria das vezes é “não”, mas isso não significa que você viverá melhor ou gastará menos caso receba alojamento da ONU. Tentarei explicar de forma resumida.
Não. As missões da Guiné Bissau, Haiti e Timor Leste não possuem acomodações nas bases. Todo o pessoal da ONU deve procurar local para morar. Normalmente são utilizadas casas ou hotéis, sendo que esta última opção é encontrada mais facilmente nas capitais. Já quem está no interior tem que se contentar com o que a região oferece. A escolha fica a critério do UNPOL e alguns parâmetros são estabelecidos como senso comum: Segurança, localização e preço. Se Você conseguir aliar todos, se considere uma pessoa de sorte. Nem sempre é possível. Logicamente a segurança vem em primeiro lugar.
Sim. A missão do Sudão do Sul oferece acomodações para o pessoal da ONU. Mas esta missão tem uma característica diferente. A pouca infra-estrutura do país não oferece condições de viver fora das bases da ONU, quer seja pelas condições das moradias ou principalmente pela questão de segurança. Por isso a missão moldou-se de forma a oferecer acomodações ao UN Staff. Encontramos alas residenciais em todas as bases.
Em Juba existem duas bases: a base ao lado do aeroporto, onde está localizado o alto comando da missão, e a nova base de Juba III. Esta foi recém inaugurada, localizada fora da zona urbana, para onde se transferiram a maioria das seções policiais e militares da capital. Em ambas temos alas residenciais com toda a estrutura sanitária necessária. A nova base de Juba III apresenta uma inovação: foram construídas casas de alvenaria tipo sobrado que podem abrigar 4 pessoas, ainda não foram inauguradas, mas estão prontas. Segundo informações o aluguel será em torno de 2.500 dólares. Na base do aeroporto existem aproximadamente cinco alas residenciais, sendo que quatro são de contêineres e uma de Barracas. Mesmo assim a fila de espera para um contêiner é de aproximadamente 6 meses. Ou seja, se você ficar na capital provavelmente enfrentará problemas. Na foto abaixo, um das alas residenciais da base do aeroporto.

Nas bases existentes nas 10 capitais Estaduais também encontramos alas residenciais, sendo que a fila de espera é menor ou, em alguns locais, existem contêineres disponíveis de imediato. Isso ocorre porque a maioria dos UNPOLs africanos, mais adaptados às condições do ambiente, moram fora das bases. Nas capitais também temos boas condições e estrutura sanitárias com banheiros coletivos. Na foto abaixo, parte da ala residencial da base de Bor, capital do Estado de Jonglei onde trabalho. No lado esquerdo vemos os banheiros coletivos e na direita os contêineres de moradia.

Existem contêineres tamanho standard para uma pessoa, bem como também existem contêineres um pouco maiores que abrigam duas pessoas com conforto, como os da foto acima. Todos os contêineres são equipados com cama, roupeiro, mesa, cadeiras, escrivaninha, frigobar e TV (alguns locais onde exista algum canal disponível ou sistema da TV a cabo). Se você ocupar um contêiner, a ONU desconta 21 dólares por dia das suas diárias. O que significa um aluguel de 630 dólares (mês de 30 dias) ou 651 dólares (mês de 31 dias). O valor é o mesmo se você está sozinho ou divide o contêiner com alguém. Normalmente policiais do mesmo país optam em moram juntos, pois dividem as tarefas da cozinha. Sim, aqui no Sudão do Sul você tem que preparar o seu próprio alimento. Embora existam restaurantes nas bases das capitais, fazer todas as refeições nestes locais acaba se tornando muito caro. Normalmente café e janta o pessoal faz no próprio contêiner.
Já se você for classificado em um CSB – County Support Base – que é o nome dado às bases da ONU localizadas nas cidades do interior, esteja preparado para morar em barracas dividindo o espaço com outros 4 ou 5 UNPOLs. Existem CSBs que possuem certa estrutura, principalmente os mais antigos. Eu conheço a realidade apenas de Akobo, mas sei que os outros CSBs não são muito diferentes. Em Akobo somos 10 UNPOLs dividindo 2 barracas. São 6 em uma e 4 em outra. Esta última barraca tem um número menor de UNPOLs porque também é utilizada como o nosso escritório. As barracas também são utilizadas como cozinha. Ambas possuem ar condicionado e ventilador de teto. No entanto, as condições sanitárias são precárias, pois temos banheiros coletivos, mas não temos sistema hidráulico. Ou seja, temos que tomar banho de balde e caneca, bem como usamos balde para dar descarga no banheiro (foto abaixo).

Também não temos água potável à disposição. Somos abastecidos duas vezes por semana com vôos da ONU que partem de Bor para Akobo com água tratada na Base de Bor. Bom, nem tudo são agruras nos CSBs. Devido ao fato de estarmos morando em barracas de uso coletivo, tipo alojamento (foto abaixo), a ONU não nos cobra nada por isso.

Ou seja, em dois meses de estadia em Akobo eu economizo 1.281 dólares, aproximadamente o valor de uma passagem, ida e volta, ao Brasil. Atualmente o valor da passagem está entre 1.400 a 1.700 dólares, dependendo da disponibilidade dos dias, rotas e empresas aéreas escolhidas. Ainda dentro deste tema, a ONU paga as despesas de viagem (passagens aéreas) apenas no começo e no final da missão. Todas as viagens realizadas nos períodos de folga durante a missão correm por conta do UNPOL. 
Uma última informação, para saciar a curiosidade de muitos, o valor da diária que a ONU nos paga aqui na Missão do Sudão do Sul é de 136 dólares. Sendo que no primeiro mês, tendo em vista despesas extras necessárias para o início da missão, a diária é de 188 dólares.