sábado, 9 de outubro de 2010

MINUSTAH - UNPOLs brasileiros coordenam operação em Les Cayes

A Diretoria de Operações – DIROPS – virou reduto dos UNPOLs brasileiros na MINUSTAH, pois todos os contingentes policiais que estiveram em solo haitiano a partir de 2004 contaram no mínimo com um representante no setor de operações. Atualmente todo o contingente faz parte de unidades desta importante diretoria. Para quem tem em mente um dia integrar a MINUSTAH, com certeza este é um lugar excelente para se trabalhar. As atividades são essencialmente policiais e você tem a oportunidade de conhecer todo o país e interagir com as diversas unidades UNPOLs e da Polícia haitiana. Um exemplo disso foi a Operação “Rebourne” realizada no mês de setembro na cidade de Les Cayes, situada a sudoeste da capital Porto Príncipe. A operação mobilizou um expressivo contingente, entre FPUs, UNPOLs de várias unidades, militares uruguaios e policiais haitianos. Participaram no Comando da Operação o Capitão PMAM Algenor, o Capitão PMAM Honda e o Capitão PMERJ Tadeu.
O objetivo da operação era a localização do cativeiro de algumas crianças que haviam sido seqüestradas e estariam sendo mantidas em um vilarejo da localidade de Tiburon. Seqüestro é um dos crimes mais praticados no Haiti, desde o tempo em que eu estava em Porto Príncipe.
Após chegar a Tiburon, aproximadamente 12 horas de carro desde Porto Príncipe, começou o trecho a pé da operação, segundo nos relatou o Capitão PMAM Fábio Honda foram “umas sete horas e meia para subir e 4 horas para descer a montanha”. Ao Final, as crianças não foram encontradas, no entanto duas pessoas foram presas, um homem que estava tentando extorquir dinheiro do pai de uma daquelas crianças, e um dos informantes, que foi preso por determinação do juiz que estava acompanhando a operação, pois se descobriu que na verdade o próprio informante também estava participando da extorsão.
Operações como esta são realizadas rotineiramente pelos integrantes da Diretoria de Operações e tem obtido resultados excelentes na recaptura de delinqüentes foragidos da Prisão Nacional e que retornaram as suas comunidades de origem levando medo à população, bem com na repressão ao tráfico de drogas. Basta lembrar que não ano passado, operação semelhante comandada pelo Capitão Algenor na região de Saint Marc, noroeste de Porto Príncipe, resultou na descoberta e destruição de 12 mil pés de maconha (cannabis sativa) e de 150 kg da droga já prontos para comercialização.
A Operação Rebourne contabilizou como aspectos positivos, além das prisões, a integração de esforços no planejamento entre a UNPOL e a Polícia Nacional do Haiti - PNH; a integração do setor policial da missão com o Poder Judiciário local, pois um Juiz acompanhou todo o desenrolar da operação; a percepção por parte da população haitiana de que a PNH estará presente também nas comunidades mais distantes sempre que for necessário; a familiarização com o terreno para policiais de diversas nacionalidades, visto que apenas os UNPOLs sediados em Les Cayes tinham noção da localização dos cativeiros, a experiência em operações de campanha para UNPOLs e PHNs os quais foram testados em seus limites extremos de fadiga; por fim o teste para a própria logística que envolve operações desta natureza, erros e acertos serão internamente avaliados para o aprimoramento das próximas operações naquela região do Haiti.
Abaixo teremos várias fotos que nos possibilitam ter uma idéia da Operação Rebourne. Na primeira vemos o Capitão PMAM Honda (abaixo 1º esquerda) junto com outros UNPOLs e o efetivo da SWAT haitiana na base SWAT se preparando para se reunir com o restante do efetivo.
Na próxima foto podemos ver a preparação do efetivo UNPOL no Campo Delta em Porto Príncipe. Podemos visualizar o Cap PMAM Algenor (de costas em primeiro plano à esquerda) e o Capitão PMERJ Tadeu conversando com outros policiais (no centro em frente à viatura).
A foto seguinte mostra o deslocamento de Porto Príncipe até Les Cayes em trecho sem asfalto.
O deslocamento pelo interior do Haiti propicia nos depararmos com paisagens como esta. Não podemos esquecer que o Haiti é um país com alto potencial turístico, assim como a vizinha República Dominicana. São as famosas praias do caribe. Falta ainda o devido investimento em infraestrutura para receber turístas. O norte do País já é ponto de parada obrigatório para os Navios de Cruzeiro que viajam pelas ilhas caribenhas partindo de Miami.
Chegada à base da ONU em Les Cayes após seis horas de viagem desde Porto Príncipe. Les Cayes foi a cidade onde começaram as manifestações contra o governo e a MINUSTAH em maio de 2008, época em trabalhei na DIROPS e participei das operações em Porto Príncipe.
Segundo o Capitão Honda (à direita), já passavam das quatro horas da tarde quando ele e o Capitão Tadeu (centro), juntamente com os demais, conseguiram almoçar na base uruguaia em Les Cayes.
As acomodações improvisadas não tiraram o ânimo do Pessoal, pois o efetivo da SWAT e os UNPOLs que trabalham com eles já estão acostumados com situações adversas. O descanso foi merecido, pois o dia seguinte seria duro.
Na manhã seguinte, antes de iniciarem o deslocamento, o efetivo acompanhou o ritual de orações dos UNPOLs da FPU (Formed Police Unit) da Jordânia. Os mulçulmanos oram voltados para a cidade sagrada de Meca no mínimo três vezes ao dia.
As próximas fotos mostram a formação do comboio e o deslocamento até a região de montanha. Podemos ver o Capitão Honda e o Capitão Algenor (à direita).
Deslocamento do efetivo na subida do morro em meio à mata.
Capitão Honda e efetivo da Swat Unit fazem parada para descanso. Logo após encontraram um dos possíveis locais de cativeiro.

Por fim, o retorno para casa após as prisões e o cumprimento da missão.



Fonte: Arquivo pessoal Capitão PMAM Honda

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